Da Espanha ao 7 a 1. O que fez Felipão virar o fio e perder a seleção?

Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

Felipão bateu o time mais temido mundo com uma equipe jovem e desacreditada. Tudo estava certo e ele e o Brasil eram favoritos à Copa do Mundo. Hoje, o técnico está desempregado. Da vitória maiúscula contra a Espanha ao massacre sofrido diante da Alemanha, o que mudou no trabalho de Scolari? Confira abaixo, na lista feita pelo UOL Esporte, o que fez o técnico virar o fio na seleção.

Titulares em baixa
A temporada deu sinais que Felipão não captou. Quando ganhou a Copa das Confederações, a seleção firmou seu time titular que, em forma, parecia ter total condição de levar a Copa do Mundo. O problema é que não foi assim que eles se apresentaram.

Paulinho teve uma temporada de altos e baixos em seu primeiro ano de Tottenham e Oscar acabou o ano criticado por Mourinho no Chelsea. Daniel Alves vê seu futuro em xeque no Barcelona e Fred, por fim, viu sua equipe ser rebaixada no ano passado no Campeonato Brasileiro e salva apenas pelas perdas de pontos de Flamengo e Portuguesa nos tribunais.

Felipão foi alertado sobre tudo isso e deu de ombros. Viu nas constatações dos maus momentos de Paulinho e Oscar, por exemplo, intriga da oposição. Manteve-se fiel aos titulares e perdeu um poder de fogo que fez falta à equipe.

Favoritismo
Os jogadores já davam sinais de problema em seus clubes quando Felipão começou a bradar aos quatro ventos que o Brasil seria campeão. Como se os atletas já não soubessem a pressão que sofreriam ao jogar em casa, tentando um título que não vem há 12 anos, o técnico acrescentou um problema.

Thiago Silva e companhia entraram em campo cobrando de si mesmos a vitória a qualquer custo. A necessidade de se impor pelo nome pesou para um time que até pouco tempo atrás convivia com a desconfiança de que passaria vergonha, o que indiretamente acabou acontecendo.

Contra o Chile, a pressão exacerbada começou a aparecer quando os jogadores desabaram diante da iminência de uma eliminação precoce. Contra a Alemanha, prestes a cair, a reação do time foi jogar tudo para o alto na base do salve-se quem puder.

Apego à Copa das Confederações
Um dos maiores méritos de Felipão na Copa das Confederações foi o de criar alternativas a si mesmo. No torneio, o treinador usou Hernanes para variar o esquema tático da seleção e não se contentou em ter uma única opção para cada titular.

Em 2014, a sombra do sucesso do ano anterior foi sempre tão forte que Felipão nunca conseguiu fazer os brasileiros pensassem em outra coisa que não fosse a Copa das Confederações. Nas vitórias e nas derrotas, o objetivo sempre foi voltar ao nível da temporada anterior.

O problema é que o contexto mudou. Reservas que estavam em alta no ano passado, como Jô e Bernard, não fizeram a diferença em 2014. O próprio Hernanes, antes coringa, virou opção de fim de jogo para fazer o cronômetro parar. Alem disso, o Brasil não fez a conta de que entraria na mira dos rivais.

A reação positiva ao toque de bola espanhol, com contra-ataques rápidos e muita precisão, fez todo o mundo abrir os olhos contra a seleção verde-amarela. Estudada e bloqueada, a equipe de Scolari não criou alternativas e sucumbiu à marcação.

Falta de treinos
Mesmo bloqueada pelos rivais e apoiada em um elenco já não tão forte, a seleção ainda poderia ter feito mais – ou sofrido menos, no mínimo. Faltou ao time, entre outras coisas, aplicação tática na hora do revés e estratégias mais eficientes diante de uma adversidade.

É difícil dizer como seria, mas o fato é que o Brasil treinou pouco. Muito preocupada com possíveis lesões, a comissão técnica deixou os jogadores muito livres. Antes de jogos decisivos, Felipão perdeu chances de treinar a equipe pensando no próximo adversário, não fixou jogadas ensaiadas na cabeça do time e sequer deu entrosamento a formações mais jovens.

Titular na semifinal, Bernard começou jogando sob enorme pressão e sequer havia jogado junto com seus companheiros antes. Quando podia, Felipão preferiu enganar a imprensa a trabalhar com a equipe que encararia a Alemanha. 

Pane
Para Luiz Felipe Scolari, quase dois anos de bom trabalho foram atrapalhados por uma pane de seis minutos, que permitiram à Alemanha abrir 5 a 0. A lista de motivos para a queda, porém, é bem mais extensa que o vacilo no Mineirão, que na verdade é o ápice de tudo isso. Mesmo assim, não dá para ignorar o apagão.

A derrota inesperada ganhou proporções gigantes depois que o Brasil não soube perder. Em uma tarde em que os alemães acertaram tudo e os brasileiros só erraram, Felipão recebeu a pá de cal no seu trabalho. 

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos