Derrotados, argentinos saqueiam lojas e tornam Buenos Aires praça de guerra

Adriano Wilkson

Do UOL, em Buenos Aires

Enquanto ainda se ouviam cantos de apoio à seleção da argentina após a derrota na final da Copa, um grupo de torcedores protagonizou cenas de guerra em Buenos Aires. A reportagem do UOL Esporte viu dezenas de pessoas quebraram a fachada de ao menos cinco lojas em uma das principais avenidas da cidade e roubar tudo o que encontravam à frente.

Uma livraria, uma loja de sapatos, uma de tintas e uma de roupas foram alguns dos estabelecimentos saqueados. Os vândalos saíam deles sem conseguir levar toda a mercadoria e tiveram de improvisar com sacos de lixo para carregar todo o saque. Adolescentes e adultos participaram da depredação.

A polícia demorou para chegar à cena dos crimes, mas quando isso aconteceu, houve correria entre os saqueadores e pessoas inocentes que caminhavam na rua.

Garrafas foram lançadas e por pouco não atingiram inocentes. Havia sangue na calçada. Um homem estava inconsciente e recebia atendimento médico, vítima aparentemente de uma garrafada. Muitas pessoas envolvidas nos incidentes estavam embriagadas.

Logo depois que a seleção argentina perdeu para a Alemanha, a torcida se reuniu em volta do Obelisco para festejar a participação da equipe na Copa. A festa esteve pacífica por algumas horas, mas de acordo com a rede de televisão Todo Notícia, um grupo de torcedores subiu em um dos carros da rede e tentou lhe arrancar as antenas.

Os policiais, que durante toda a noite, apenas acompanhavam a movimentação, precisaram intervir, o que gerou revolta de uma parte dos torcedores. Houve lançamento de paus e pedras a um lado, e balas de borracha, gás lacrimogênio e jatos d'água a outro. Também houve brigas entre os próprios torcedores. De acordo com o Todo Notícia, houve cerca de 30 detidos, além de 55 civis e 15 policiais feridos.

Quando a polícia conseguiu dispersar a multidão do entorno do Obelisco, alguns vândalos começaram a saquear lojas e destruir e queimar lixeiras em sua rota de fuga. Famílias que passavam pelo caminho corriam assustadas, as crianças chorando. As ruas onde aconteceram os incidentes estão cheias de lixo.

Apesar do clima de tensão, alguns torcedores continuavam cantando e bebendo nas esquinas de Buenos Aires, enquanto carros de polícia faziam soar alto sua sirenes e soldados ameaçavam dispersar as pessoas com violência.

"Sempre que tem uma derrota no futebol, isso acontece, já estamos acostumados", afirmou o dono de uma banca de revistas na Av. Corrientes, o palco dos saques presenciados pela reportagem. Na calçada em frente da banca, havia um rastro de sangue. "Bebem e ficam assim."

Turistas de hotéis da região estavam assustados com a situação, embora os locais pareçam estar acostumados com a situação.

Festa

Antes de tudo isso acontecer, os argentinos faziam uma festa bonita em que entoavam cânticos de apoio à campanha argentina na Copa. Eles provocavam os brasileiros e afirmavam a sua nacionalidade. Também houve festejos em outras partes do país, mesmo com a derrota frustrante no Maracanã.

Dezenas de milhares de torcedores se reuniram na praça de San Martin, em Buenos Aires, para assistir à final da Copa. Não houve incidentes graves na ocasião.

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