Após ataques a distância, Felipão e Van Gaal finalmente ficarão cara a cara

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

Os dois são turrões e teimosos. Têm currículo vencedor, mas, ao mesmo tempo, trazem uma tendência para acumular inimigos – ou criá-los, já que, muitas vezes, os algozes são imaginários. Luiz Felipe Scolari e Louis Van Gaal se encontram no gramado no sábado, na disputa do terceiro lugar da Copa do Mundo, mas já colidiram muito antes neste Mundial.

Dessa colisão, saíram faíscas. Do lado holandês, a soberba habitual de Van Gaal; do brasileiro, ofensas e xingamentos, que também não são grandes novidades na carreira de Scolari. O episódio aconteceu na primeira fase: o Brasil, no Grupo A, enfrentaria nas oitavas um adversário saído do Grupo B, da Holanda. O treinador da equipe laranja falou, com todas as letras, que a seleção brasileira temia a sua, e buscaria um resultado para evitá-la.

"Mas é claro que o Brasil não deve querer enfrentar a Holanda. Estamos jogando bem e marcando gols fantásticos, estamos jogando um futebol agressivo", disse.

Foi o suficiente para que Felipão subisse o tom. A resposta veio imediata, e de forma bastante agressiva.

"Tem gente dizendo que a gente vai escolher adversário. Para quem fala isso, eu falo só uma coisa: ou as pessoas são burras ou mal intencionadas. A gente não vai escolher adversário, até porque se a gente perder, está fora. Foi a Fifa que escolheu as datas e os horários. Parem de endeusar A, B ou C, porque são contrários a nós" , rebateu.

A disputa esfriou, e os times não se enfrentaram nas oitavas – ambos terminaram em primeiro lugar nos seus grupos. O encontro vai acontecer no sábado, mas, infelizmente, um deles mostra, no mínimo, pouca animação.

Do lado brasileiro, há a vontade de encerrar a participação no Mundial com uma imagem melhor do que a do vexame diante da Alemanha. O foco da seleção brasileira na vitória é tanto que Felipão chegou a usar o termo "sonho".

"Nosso objetivo era jogar a final, mas não conseguimos, vamos jogar o terceiro lugar que é um sonho bem menor. Vamos buscar forças para jogar o jogo de sábado e ganhar" afirmou.

E no lado holandês? As coisas estão bem diferentes. "Acho que esse jogo nem deveria ser jogado. É injusto porque temos um dia a menos de nos recuperar. Mas o pior é, acredito, chance de perder duas vezes seguidas. E um torneio que você jogou maravilhosamente e pode sair como um perdedor" disse Van Gaal.

O treinador holandês revelou que há tempos trava uma cruzada contra a decisão do terceiro lugar. "De qualquer jeito, já disse isso há 20 anos. Não acho que faz sentido jogar pelo terceiro lugar, já que só tem um prêmio que é o primeiro lugar", completou.

Infelizmente para Van Gaal, a verdade é que ele provavelmente pode seguir dizendo isso por mais 20 anos – não há nenhuma discussão sequer em andamento para acabar com as disputas do terceiro lugar. Por isso, Brasil e Holanda estarão no gramado do Mané Garrincha na tarde do sábado.

Independente do que acontecer na partida, a chave para a reconciliação de Felipão e Van Gaal pode estar em um inimigo comum. Ele veste coletes, carrega microfones e máquinas fotográficas.

Ambos os treinadores criticaram a imprensa do durante o Mundial – e a acusaram de tentar divulgar a escalação e esquema tático das equipes, prejudicando a preparação. Quem sabe aí não esteja o assunto capaz de quebrar o gelo.

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