Brasil mudou muito, mas pega quase a mesma Alemanha que o derrotou em 2011

Pedro Lopes*

Do UOL, em São Paulo

Schweinsteiger desarma o lateral esquerdo brasileiro, invade a área e rola para trás; Schürrle chega batendo, estufando a rede e marcando o terceiro gol alemão contra o Brasil. Não se trata de uma previsão desastrosa para o jogo desta terça, mas sim de um lance da derrota brasileira por 3 a 2 em amistoso entre as duas seleções em 2011. Aquela Alemanha tinha a mesma base da que veio à Copa; a equipe brasileira, por sua vez, mudou muito.

Em outubro de 2011, em Stuttgart, a Alemanha começou o jogo com oito jogadores que hoje são parte dos 23 que disputam o Mundial: Neuer, Hummels, Lahm, Schweinsteiger, Kroos, Götze, Müller e Podolski. Entraram no decorrer do jogo mais três: Boateng, Klose e Schürrle. Khedira e Özil eram presenças certas, mas foram liberados a pedido do Real Madrid.

Saindo da Copa de 2010, Joachim Löw já começava a reformular a equipe e a montar a base para o próximo Mundial: Götze tinha 20 anos; Hummels, 22; Schürrle, 21; Kroos, 21. Jovens promessas do futebol alemão, os três entravam na seleção para não mais saírem, chegando em 2014 como peças importantes do time alemão.

Os polos de experiência também sobreviveram a esses três anos: Lahm, Klose e Schweinsteiger seguem como peças chaves de Löw. O comandante, aliás, foi mantido no cargo, mesmo com pressão da imprensa e com o fracasso na Euro 2012, quando foi eliminado pela Itália nas semifinais.

O Brasil também entrou em campo naquela partida em um período de reformulação, e, já com Mano Menezes, vinha de um fracasso na Copa América. De lá para cá, porém, o caminho brasileiro foi bem mais turbulento e cheio de mudanças. Em Stuttgart, começaram o jogo seis jogadores que hoje estão entre 23 de Felipão – Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva, Fernandinho, Ramires e Neymar. Entraram no segundo tempo Fred e Luiz Gustavo.

O número de brasileiros – oito – contra os onze alemães que estiveram em 2011 e estão em 2014 pode passar uma falsa impressão de que o Brasil seguiu o mesmo caminho do adversário e manteve uma base. Mesclados a esses oito, porém, aquele time contou com jogadores que chegaram às vésperas da Copa sem sequer serem cogitados para convocação, casos de Lúcio, Ralf, André Santos e Renato Augusto. Outros, como Robinho, Pato e Ganso, foram ventilados, mas não justificaram em campo uma vaga.

A seleção brasileira, depois do amistoso, trocou de técnico, e até de presidente de federação: envolvido em escândalos de corrupção, Ricardo Teixeira renunciou ao posto máximo na CBF em 2012. Seu sucessor, José Maria Marin, bancou Mano Menezes durante a conquista da medalha de prata nas Olímpiadas, mas, justamente quando as coisas pareciam melhorar nos amistosos, demitiu o técnico.

Felipão assumiu e, na Copa das Confederações, encontrou seu esquema tático e suas peças ideais. No Mundial, porém, viu problemas físicos e técnicos colocarem em dúvida, apesar das vitórias, o que tinha funcionado tão bem. Para piorar, perdeu por lesão seu melhor jogador, e por suspensão seu capitão.

Na partida semifinal, ele terá que encontrar um jeito. Götze, Schurrle e Schweinsteiger, que marcaram os gols da Alemanha, poderão estar em campo no Mineirão; Neymar, que marcou um dos do Brasil, não. Se a missão parece difícil, vale lembrar de um tabu: o jogo de 2011 foi em Sttutgart, casa dos alemães. Em solo brasileiro, em seis jogos, eles nunca venceram.

* colaborou Paulo Passos

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