Veja o que aconteceu com Armero após choro e ser encostado no Palmeiras
José Ricardo Leite
Do UOL, em Fortaleza
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ReproduçãoGetty Images
O choro, ainda no Palmeiras, e a alegria do Armeration no gol contra a Grécia
Em pouco mais de quatro anos a vida de Pablo Armero sofreu mudanças significativas. Em 2010, sentiu-se humilhado pelo Palmeiras de Muricy e, em 2014, virou um dos principais símbolos de alegria da Copa do Mundo dentro dos gramados brasileiros. Quem vê Armero agora não consegue imaginar que ele viveu um trauma no clube paulista e chegou a mostrar uma tristeza desproporcional ao chorar por causa de uma substituição.
Conheça um pouco mais sobre a vida do lateral colombiano, que pode entrar para a história do futebol de seu país com uma vitória sobre o Brasil pelas quartas de final da Copa, nesta sexta-feira, às 17h, em Fortaleza.
1) Choro e perseguição no Palmeiras
O lateral de 27 anos chegou ao time alviverde em 2009 depois de uma longa negociação com o América de Cali, clube que o revelou. Em sua primeira temporada, caiu nas graças da torcida com sua raça, vigor físico e jeito despojado. Mas, logo no final dela, sua popularidade começou a despencar junto com o time que liderava o Campeonato Brasileiro com folga. Para completar a desgraça, o Palmeiras também acabou por perder até a vaga na Libertadores do ano seguinte com uma sequência negativa de resultados.
Armero começou 2010 com falhas em gols e erros que o fizeram ser um dos perseguidos da torcida alviverde. Em um jogo do Paulista, falhou em dois gols que deram o empate por 3 a 3 com o Ituano no Parque Antarctica quando seu time vencia por 3 a 1. Dava entrevista no gramado para explicar seus erros quando Muricy Ramalho lhe deu um pito ao vivo. "Tem que chutar pra fora quando apertar. Tem que chutar pra fora", disse o técnico. Armero ficou sem graça e deu um sorriso amarelo. E levou mais um pito ao vivo do chefe. "Não é pra rir, tem que sair de cara feia, de cara feia", esbravejou Muricy.
Na semana seguinte, o pior estava por vir. Falhou e fez falta que rendeu o gol da vitória do arquirrival Corinthians sobre o Palmeiras. Muricy perdeu a cabeça e tirou o lateral de campo aos 33 min do primeiro tempo. Em cena pouco comum, Armero ficou chorando no banco de reservas.
Ainda permaneceu por alguns meses até o famoso rebolado em jogo contra o Santos com a primeira edição de sua famosa dança, o "Armeration", logo após um gol. Depois da demissão de Muricy, foi treinado pelo técnico rival de hoje, Felipão. O gaúcho preferiu improvisar outros jogadores na posição, como o volante Rivaldo e o lateral Fabricio, do que usar Armero.
2) Boa fase na Itália e depois novos altos e baixos
Sem perspectiva, foi negociado com a Udinese, onde passou a viver a melhor fase de sua carreira por um preço barato: 1,2 milhão de euro. O defensor se adaptou ao truncado futebol italiano com sua facilidade no desarme, velocidade e aplicação tática. Chegou a ver nome na seleção do 'Calcio' em uma das temporadas que disputou.
Isso o fez dar um salto e pular para Napoli, equipe de bem mais tradição que o contratou por 4 milhões de euros em 2013. Só que não conseguiu a estabilidade em um time de maior concorrência. Chegou a viver épocas ruins por lá e também foi parar no West Ham, da Inglaterra, por empréstimo, ainda neste ano.
Durante o Mundial no Brasil, foi anunciada sua volta para a Udinese, onde viveu seus melhores dias. Apesar de algumas turbulências depois do bom início na Itália, jamais perdeu seu status na seleção colombiana.
3) Símbolo de alegria na Colômbia
Apesar de algumas turbulências depois do bom início na Itália, jamais perdeu seu status na seleção colombiana. Foi sempre incontestável desde sua primeira participação, em 2009.
Virou um dos destaques do time nas eliminatórias depois de boas atuações e gols com danças que empolgaram os torcedores. Em 2010, o colombiano dançou com raiva a música "Rebolation" depois de um gol do Palmeiras, que era provocado pelos Meninos da Vila com as danças de Neymar. O time alviverde virou a partida e Armero foi à forra.
As danças malucas e chamativas viraram praxe no time amarelo. "Ele passou a ser o organizador das danças. Isso mostra muito da alegria do povo colombiano. Ele é a alegria da seleção. Tem um sentimento nacional muito forte de como somos, despojados, alegres e que gostamos de dançar", falou o jornalista colombiano Estewil Quesada, do diário El Tiempo.
Já dançou o Armeration ao marcar na estreia do time, contra a Grécia, e organizou outras danças. Na chegada do time a Fortaleza, foi um dos mais ovacionados quando saiu do ônibus. No dia seguinte, na saída para o treino, quebrou protocolo e antes de entrar no veículo foi tirar fotos com os torcedores.
O técnico do time, José Pekerman, disse não ver problemas nas danças extravagantes. "É uma alegria sincera. É como um abraço. Gosto que eles desfrutem ao marcar gols."