Se alguém passar mal perto do estádio Castelão nesta sexta-feira, será atendido em uma enfermaria especial, mais animada e colorida. Em clima de despedida e empolgados com a proximidade da seleção brasileira, os funcionários do Posto Médico do estádio cearense enfeitaram os leitos com bexigas verde e amarelas, se vestiram a caráter e vão ter de se dividir entre torcer e combater o calor de Fortaleza.

"A maioria dos nossos atendimento são relacionados ao sol forte. Os bolsões da polícia são a 2 km do estádio e muita gente chega aqui desidratada ou com queimaduras e bolhas nos pés, por conta do calor. A gente recomenda que tomem muita água e passem protetor. As pessoas não passam protetor solar. Chegam aqui pedindo para a gente", conta Neiva Timbó, uma das responsáveis pelo posto, que fica exatamente em frente a uma das entradas do Castelão.

O clima não parece nem de longe o deum hospital. As ocorrências que são avisadas por um rádio barulhento são exceções. Os médicos e enfermeiros são solícitos, sorridentes e atenciosos. Estão em clima de adeus à Copa, já que a partida entre Brasil e Colômbia, desta sexta, será a última em Fortaleza.

"Vem ver o nosso bolinho. Foi o Robson que fez. Ele é o nosso faz-tudo", conta Neiva. "Está caprichado", alguém emenda. De fato, está. O bolo com cobertura de glacê é decorado com um mini-Fuleco, meia bola e um par de chuteiras, além da inscrição PMA Castelão.

O posto é uma tenda de poucos metros quadrados que abriga um pequeno hospital em miniatura. São sete leitos para atendimento mais complexo, um apenas para suturas e uma UTI. "Resolvemos quase tudo por aqui. Só alguns poucos casos que precisam de um acompanhamento posterior são levados a outros hospitais", disse Neiva.

Na Copa, foram dois. Uma senhora que havia tido um infarto há seis meses sentiu-se mal e, por precaução, foi levada para exames mais complexos. No último domingo, um mexicano que foi assaltado e ferido também teve de ser levado a um hospital. De resto, clima tranquilo.

"Acho que as coisas esquentam mais nos jogos decisivos, como foi no domingo passado. Vamos ver hoje [sexta] com a Colômbia. Aparentemente os colombianos são tranquilos", disse Daniel Lima, outro chefe de equipe do PMA.

"Esquentar", em Fortaleza pode ser no sentido literal. Às 13h, portanto quatro horas do apito inicial do jogo da seleção, os termômetros na capital cearense marcam 28ºC. No último domingo, no mesmo horário, eram 32ºC, e México e Holanda disputavam uma vaga nas quartas a poucos metros dali.

"Foi o único jogo às 13h e foi o que teve mais atendimentos. Os estrangeiros são os que sofrem mais. Hoje eu acho que vai ser mais tranquilo. O movimento vai ser maior por volta das 15h, quando já não vai estar tão quente", prevê Daniel Lima.

Menos movimento, porém, não significa menos trabalho. Sem uma televisão no posto, os médicos e enfermeiros uniformizados terão de acompanhar a batalha brasileira por uma vaga na semi pelo rádio ou pelo boca-boca dos visitantes que recebem. Sorte dos pacientes, que terão atendimento verde-amarelo, atento.