Decisão contra Colômbia é o maior teste da nova "Família Scolari"

Gustavo Franceschini e Ricardo Perrone

Do UOL, em Fortaleza

Forjada com um pai mais dominante e popular, a atual versão da Família Scolari terá seu primeiro grande teste nesta sexta, quando o Brasil enfrenta a Colômbia em Fortaleza, às 17h, por uma vaga na semifinal da Copa do Mundo. Em 90 minutos ou mais, jogadores e treinador terão de provar que falam a mesma língua em campo, apesar de tudo o que aconteceu nos últimos dias.

A classificação obtida nos pênaltis contra o Chile deixou a seleção combalida. Os jogadores foram criticados pela suposta falta de preparo psicológico, o técnico disse que se arrepende de uma escolha no grupo de 23 convocados e os atletas já reagem aos acontecimentos. Essa sequência abala alguns dos preceitos básicos do que se convencionou chamar de "Família Scolari".

Foi esse o apelido que o elenco de 2002 ganhou ao comprar o discurso de Felipão antes e durante a Copa do Mundo daquele ano, em que a seleção sagrou-se pentacampeã. O papai Scolari, com seu discurso motivador e a fidelidade aos atletas, conseguiu fazer com que estrelas como Ronaldo, Rivaldo e Roberto Carlos "corressem por ele".

Na semana que se passou, a família atual sofreu muitos abalos, a começar pelo questionamento emocional. Em um grupo fechado como o de 2002, a força psicológica era uma das vantagens. Agora, o próprio Felipão mostrou-se preocupado com o estado mental de seus atletas. A imagem do zagueiro Thiago Silva com os olhos marejados, afastado dos colegas e pedindo para não bater seu pênalti, dominou o noticiário na semana.

Como o grupo reagirá ao capitão em campo? Durante as cobranças, o papel de liderança foi dividido entre David Luiz, Júlio César e Paulinho, que motivou os companheiros mesmo com o colete dos reservas. Diante da Colômbia, a ascendência tradicional de Thiago Silva sobre os colegas estará sob constante avaliação e ajudará a medir a união interna do grupo.

A relação dos atletas com o treinador, porém, é outro capítulo. Pressionado, Felipão chamou seis jornalistas com quem mantêm relação próxima para desabafar sobre o time. Disse, entre outras coisas, que a equipe não vai bem e que se arrepende de uma das 23 opções que fez.

O discurso, em um primeiro momento, desagradou as pessoas próximas aos jogadores, que se queixaram de que Felipão estaria transferindo responsabilidades e expondo o grupo. Agora, o grupo já dá sinais, segundo apurou o UOL Esporte, de que a atitude do técnico não caiu bem.

Diante da perigosa Colômbia e com o emocional dos jogadores em xeque, o talento motivacional de Felipão será testado. Se o grupo não estiver satisfeito, porém, a nau da Família Scolari pode afundar. 

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