Um garoto do interior da Argélia é a arma para a vingança de 1982

Luis Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

Islam Slimani, o jogador do ano da Argélia, em 2013, cresceu ouvindo sobre a grande façanha de Madje, Assad  e Belloumi que comandaram as Raposas do Deserto a uma grande campanha no Mundial de 1982. Venceram Alemanha e Chile e perderam para a Áustria. Foram eliminados ainda na primeira fase graças a um jogo de compadres entre austríacos e alemães.

Aos 25 anos, o centroavante do Sporting sonhava em honrar seus heróis de infância. Fez mais. Com atuações espetaculares diante de Coreia do Sul e Rússia (dois gols e duas assistências) ajudou a classificar a Argélia para a segunda fase. Algo inédito. E agora, a disputa para a terceira fase é justamente contra os alemães.

"Os alemães são favoritos, mas se conseguimos vencer em 82, por que não sonhar novamente? Sempre disse que a classificação seria um sonho e agora é realidade", disse o atacante ao site da Fifa. E ele quer mais. "Estamos sonhando e não queremos acordar jamais".

São grandes aspirações. Muito maiores do que as de criança, no subúrbio de Ain Bénian, sua cidade natal. Então, ele e os amigos procuravam por uma rede ou uma vara usada para poder pescar nas rochas do cai. Não havia dinheiro para nada de primeira mão.

Começou a jogar ainda adolescente no WBAB, da quinta divisão. Foi para o JSM Cheraga, da terceira, e em 2009 chegou ao CR Belouizdade, clube popular na capital Argel. Destacou-se e em 2012 chegou à seleção. Em sua segunda partida, fez seu primeiro gol, de cabeça, contra Ruanda, nas eliminatórias africanas. Ganhou a confiança do treinador e Vahid Halilhodzic, bósnio, e chegou ao Mundial com 9 gols em 18 jogos.

Slimani provou que o CRB, seu time, havia descumprido cláusulas contratuais e conseguiu a liberação. Em agosto do ano passado assinou com o Sporting. Começou como reserva, mas ganhou a posição. Seu jogo melhorou. Ganhou concentração e deixou de ser um jogador problemático, típico causador de confusões. Hoje, ele causa problemas é para os rivais.

Se o raio cair duas vezes no mesmo lugar e a poderosa Alemanha perder para as Raposas do Deserto novamente, após 32 anos, Slimani é um personagem chave dessa história.

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