Suspenso contra a Colômbia, Luiz Gustavo corre e passa mais que Neymar
Fernando Duarte
Do UOL, de Teresópolis
O segundo cartão amarelo levado por Luiz Gustavo na partida de sábado contra o Chile não causará apenas um problema de configuração de equipe para o treinador Luiz Felipe Scolari para o compromisso da seleção brasileira contra a Colômbia pelas quartas-de-final, em Fortaleza. A ausência do meia do Wolfsburg privará a equipe de seu maior ladrão de bolas e de um verdadeiro "motor".
Luiz Gustavo é responsável pelo maior número de bolas roubadas não apenas da seleção brasileira, mas o segundo em todo o torneio. Em quatro partidas, recuperou 34 bolas, duas a menos que o chileno Gary Medel. Nos carrinhos, Luis Gustavo tem outro "vice" - dez desarmes em 12 tentativas, mesmo número de sucessos do lateral Marcelo. Ironicamente, o "rei dos carrinhos bem-sucedidos" é um adversário direto da seleção brasileira, o colombiano Cuadrado.
Num meio de campo já carecendo de mais tenacidade, algo comprovado pela forma como Brasil registrou menos posse de bola que os chilenos na vitória por pênaltis, a ausência de Gustavo deixa a seleção potencialmente menos combativa também no que diz respeito ao vigor físico para exercer pressão sobre os adversários: o volante é o jogador brasileiro que mais correu no Mundial até agora.
Segundo as estatísticas da Fifa, Luis Gustavo percorreu 46,1km nos 390 minuots em que esteve em campo na Copa (incluindo os 30 minutos de prorrogação contra os chilenos). Quase 6km a mais que Neymar, por exemplo. Apenas os chilenos Diaz e Aranguiz superam a marca do brasileiro, que também impressiona quando analisado o quanto Gustavo correu com a bola nos pés: 16,3km, distância também maior que a de Neymar.
A importância de Luiz Gustavo para o time neste Mundial transcende a destruição da criatividade dos adversários. Se na Copa das Confederações Luiz Gustavo foi praticamente obrigado por Felipão a ancorar a contenção de jogadas e durante toda a competição deu apenas três chutes a gol, na festa principal ele tem sido mais atrevido. Se ainda tem os mesmo três chutes, ele está apenas atrás de Dani Alves e Marcelo no número de passes dados pela seleção (233) e seu índice de aproveitamento (80%) é melhor até que o de Neymar.
Titular da seleção brasileira com Felipão nas nove partidas oficiais disputadas até agora (incluindo as cinco da Copa das Confederações), Luiz Gustavo tem sido "onipresente". Jogou 840 minutos, o que simplesmente quer dizer que ele jamais foi substituído pelo treinador. São números que não negam o tamanho da lacuna que Felipão agora precisa preencher para enfrentar a Colômbia.