Após chorar, Brasil de Felipão fecha a cara antes de nova decisão

Fernando Duarte e Paulo Passos

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

O choro, o abalo emocional dos jogadores, o futebol abaixo do esperado do time e, principalmente, a repercussão da imprensa sobre todos esses temas incomoda a seleção brasileira. Nesta segunda-feira, um jogador da equipe e a comissão técnica deram sinais claros de que isso acontece.

Enquanto os jogadores reservas terminavam o treinamento no campo da Granja Comary, no fim da tarde desta segunda-feira, Luiz Felipe Scolari se dirigiu à área de imprensa montada no centro de treinamento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em Teresópolis. O técnico chamou seis jornalistas para uma conversa em particular, numa área reservada da sala de imprensa montada pela CBF na Granja Comary. Juca Kfouri, blogueiro do UOL Esporte, Paulo Vinícius Coelho, da ESPN Brasil, Osvaldo Pascoal, da FOX Sports, Fernando Fernandes, da TV Bandeirantes, Carlos Mansur, do jornal "O Globo" e Luis Antônio Prósperi, de "O Estado de S. Paulo", estavam na reunião. Flávio Murtosa, auxiliar de Felipão, e Carlo Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção, também foram.

O técnico falou, mas também ouviu. Reclamou muito da cobertura da imprensa brasileira, das críticas ao time e, principalmente, da repercussão dada ao pênalti polêmico marcado em Fred na estreia. A conversa durou cerca de uma hora. Teve momentos tensos, mas também gargalhadas, que puderam ser ouvidas pelos demais jornalistas que aguardavam a entrevista coletiva de Fernandinho.

O técnico reclamou que os jornalistas não apoiam a seleção, nem repercutem com o mesmo rigor casos de erros de arbitragem a favor de outras equipes. Citou também o que vê como uma má vontade da Fifa com o time nacional. Admitiu que a pressão abala o emocional dos jogadores e que o time não rende o esperado.

A reunião com jornalistas foi uma ideia do próprio Felipão. O técnico escolheu os convidados para a conversa, "jornalistas que ele tem mais proximidade", segundo a assessoria de imprensa da CBF.

Minutos depois da reunião, Fernandinho apareceu para dar uma entrevista coletiva. Titular no jogo contra o Chile, o volante foi perguntado pelo menos cinco vezes sobre o choro dos jogadores no gramado do Mineirão. Em todas as vezes demonstrou incômodo com a questão e fechou a cara, apesar de responder todas as vezes.

"Não adianta estar dando ênfase para isso aí (choro). Não podemos esquecer o jogo importante que temos contra a Colômbia. Estado emocional está bem, tranquilo", afirmou Fernandinho sem sorrir.

O semblante do jogador permaneceu fechado durante quase toda a entrevista. Ele riu timidamente apenas duas vezes. Na primeira foi quando Dadá Maravilha, ex-jogador que trabalha para uma emissora de televisão, se apresentou para Fernandinho antes de fazer uma pergunta. O outro sorriso foi ao responder sobre a quantidade de faltas que o time sofreu nas oitavas de final contra o Chile.

"Único jogador que não sofreu fui eu. Eu fiz várias faltas e não sofri nenhuma", afirmou com certa ironia. "Espirito de Copa do Mundo é isso ai. Principalmente contra sul-americanos. A gente vai entrar para tentar evitar tudo isso ai", completou.

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