Banco não funciona e deixa Felipão preso à Copa das Confederações

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Belo Horizonte

Há um ano, Felipão lançou mão de Bernard em um Mineirão lotado e conseguiu a força que precisava para vencer o Uruguai na Copa das Confederações. No último sábado, no mesmo palco, diante de um adversário ainda mais duro, o técnico apostou em Jô. A diferença de desempenho entre os dois nomes escolhidos pelo técnico para mudar o jogo ilustram bem os problemas do Brasil com seu banco de reservas.

Em 2013, o elenco foi uma arma de Felipão em praticamente todas as partidas, tendo Hernanes como peça-chave. O volante, que também atua mais avançado, entrou em todas as partidas e sempre mudou o esquema da seleção, ora jogando no lugar de Oscar, ora na vaga de Hulk.

Além dele, a dupla Bernard e Jô também estava em alta. O primeiro foi a solução de Felipão para movimentar o ataque em partidas como a semifinal contra o Uruguai, enquanto o centroavante marcou dois gols nos dois primeiros jogos. Destaques do Atlético-MG que seria campeão da Libertadores, os dois viviam o melhor momento da carreira.

Um ano depois, ambos estão em baixa. Bernard teve 66 minutos em campo na Copa do Mundo, não deu um chute a gol e só entrou na área em três oportunidades. Contra Croácia e México, quando foi utilizado, o atacante pouco fez na partida.

Jô mostrou sua má fase no último sábado, selecionado para substituir Fred ainda no começo do segundo tempo. Aposta para as bolas aéreas, o centroavante não ganhou nenhum dos zagueiros de 1,70 m do Chile. Ao longo da Copa, errou 38% dos passes que tentou.

As demais opções e Felipão também não inspirem confiança, embora o técnico e seus comandados repitam à exaustão que "os 23 escolhidos têm condições de jogar".

Hernanes, por exemplo, estava em uma formação criticada pelo técnico antes da Copa começar, entrou mal contra a Croácia e não voltou mais. Ramires, ao contrário, entrou em todas as partidas, mas não fez bonito em nenhuma. Contra o Chile, por exemplo, o jogador do Chelsea ocupou a vaga de Fernandinho, lesionado, mas não desarmou ninguém e, ao mesmo tempo, chutou a gol uma vez (para bem longe).

Willian, que no começo da preparação chegou a ameaçar Oscar, não tem recebido muito apoio de Felipão. Nos três jogos em que entrou, nunca teve mais de 20 minutos em campo. Contra o Chile, quando Oscar não rendia bem desde o começo do jogo, ele só saiu do banco no começo do segundo tempo da prorrogação, quando pouco dava para fazer.

"Nós jogadores temos de estar prontos para entrar em qualquer circunstância. Não tem um minuto, cinco ou dez. Aquele momento eu estava preparado, entrei e estava difícil. As duas equipes já tinham corrido bastante e eu tentei da melhor maneira encontrar alguma jogada ou um lance", disse Willian, minimizando o problema.

O resultado disso tudo é que Felipão ficou preso à fórmula que ele mesmo inventou há um ano. O sistema de criação permanece sempre nos pés de Neymar, Oscar e Hulk, não importa como o trio está. No ataque, da mesma forma, Fred tem vaga garantida pela falta de concorrência. Com Jô em baixa, é difícil imaginar o camisa 9 do Fluminense indo parar no banco de reservas.

O problema é que esse modelo não tem funcionado. Dos quatro homens mais avançados da seleção, só Neymar encantou até agora, e mesmo assim antes do mata-mata. Contra o Chile, combalido por uma pancada que levou na perna esquerda, o camisa 10 pouco fez, dando ainda mais dor de cabeça para Scolari. 

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