Bloqueios ao Maracanã atrapalham rotina de moradores e lucros do comércio
Cecília Malavoglia
Da EFE, no Rio de Janeiro
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AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA
Com capacidade para mais de 78 mil pessoas, o Maracanã será palco da final da Copa do Mundo
Na quarta partida da Copa do Mundo que o Maracanã recebe, entre França e Equador pela última rodada do grupo E, as barreiras e o policiamento continuaram bastante intensos, não só para os torcedores, mas para os moradores do entorno do estádio.
A intensificação do esquema de segurança no Maracanã foi decidida após a confusão provocada por torcedores do Chile sem ingresso que tentaram invadir o estádio pela sala de imprensa antes do confronto contra a Espanha. Agora mais de três mil policiais militares e mais de mil seguranças particulares contratados pela Fifa monitoram todo o entorno.
Alguns moradores reclamaram da rigidez do acesso, que dificultava a passagem inclusive daqueles autorizados dentro do perímetro demarcado pela Fifa.
A professora Márcia Gonçalves considerou a situação constrangedora. "Apesar de não serem grosseiros, precisamos andar com nosso comprovante de residência e somos parados a todo momento", reclamou.
Cada uma das ruas transversais recebeu três barreiras de policiais e o acesso às imediações do estádio estava permitido somente para quem tivesse ingresso ou credenciado por apenas duas entradas opostas, pela Avenida Maracanã e pela Avenida Professor Manuel de Abreu.
A situação é mais complicada para os comerciantes. Proprietários de bares nas ruas transversais ficaram dentro da área bloqueada e nas partidas entre Espanha e Chile, e Bélgica e Rússia, eles não puderam vender bebidas alcóolicas ou produtos que não fossem dos patrocinadores.
O proprietário de um posto de gasolina na esquina da Avenida Professor Manuel de Abreu e Arthur Menezes disse que nos dias de jogo, depois da confusão com chilenos que invadiram a área de imprensa na segunda partida disputada aqui, o movimento caiu 80%.
"Os acessos são todos bloqueados e recebi uma notificação da prefeitura de que os carros não podem parar aqui. Além do posto, tenho uma loja de conveniência e serviços para carros, como lavagem. Isso derrubou meu movimento, é um dia perdido", criticou Marcelo Nogueira.
Já na Rua São Francisco Xavier os comerciantes tiveram um aumento do movimento, em alguns pontos de até 50%, como disse Luiz Alcântara, dono de um bar que virou ponto de encontro antes dos jogos.
Apesar disso, ele, como vários outros ali, criticaram a proibição de venda de bebidas alcóolicas a partir de duas horas antes do jogo. "Se até dentro do estádio a Fifa disse que pode, porque nós, que trabalhamos aqui o ano inteiro, não?", questionou.
Chama a atenção que mesmo dentro do perímetro bloqueado pela polícia estejam presentes vários membros de entidades religiosas, católicos carismáticos, protestantes e testemunhas de Jeová.
Aparentemente para os que vieram evangelizar os torcedores as restrições que sofrem os comerciantes e os moradores não se aplicam. EFE