Após impedir feriado, Câmara de SP não funciona em dia de jogo do Brasil
Vinícius Segalla*
Do UOL, em São Paulo
Na semana passada, a cidade de São Paulo viveu um dia de caos no trânsito e no sistema público de transporte durante a tarde da terça-feira, dia do jogo do Brasil contra o México. As empresas liberaram seus funcionários a partir das 13h, e as ruas da capital paulista viveram uma hora do rush antecipada e intensificada.
Para evitar que isso voltasse a acontecer nesta segunda-feira, dia do jogo do Brasil contra Camarões, o prefeito Fernando Haddad tentou aprovar uma lei na Câmara Municipal para que fosse decretado feriado neste dia 23. Até porque, também nesta segunda, às 13h, ocorreu o jogo entre Chile e Holanda, no Itaquerão, na zona leste da cidade. Assim, o feriado também serviria para facilitar a vida daqueles que foram ao estádio corintiano.
Os vereadores de oposição manobraram para impedir a votação, ausentando-se do plenário para que se caracterizasse a falta de quórum. Assim, oficialmente, não é feriado nesta segunda-feira em São Paulo. Isso não impediu, porém, que a Câmara ficasse deserta.
O UOL Esporte esteve na casa legislativa municipal no início da tarde e tentou encontrar um vereador - qualquer um - que estivesse trabalhando em seu gabinete, mas não teve sucesso. A reportagem, então, ligou para os vereadores líderes dos partidos de oposição - os que obstruíram a votação do projeto de lei para decretar feriado nesta segunda.
O líder do PSDB, vereador Andrea Matarazzo, os tucanos Coronel Telhada e Patrícia Bezerra, bem como o líder dos Democratas na Câmara, vereador Milton Leite, foram procurados tanto em seus gabinetes como por meio de ligações para os seus celulares. Nenhum deles atendeu. A assessoria de imprensa dos parlamentares também não foi encontrada.
Às 16h15 desta segunda-feira, após a publicação da reportagem, a assessoria do vereador Andrea Matarazzo entrou em contato com a reportagem para dizer que o vereador esteve presente na Câmara até as 13h. "O vereador e sua equipe deram expediente nesta segunda até as 13h. Depois disso, saímos, por determinação do presidente da Casa, José Américo (PT), que determinou que o prédio fosse fechado às 13h", afirmou a assessoria do parlamentar.
O UOL Esporte efetuou duas ligações para o gabinete do vereador, uma 12h47 e outra 12h53, conforme encontra-se registrado no sistema de telefonia do UOL. Ninguém atendeu nas duas tentativas. A reportagem, então, dirigiu-se ao prédio da Câmara, onde permaneceu até as 14h30. Ao contrário do que afirmou a assessoria de Matarazzo, o prédio não estava fechado, e alguns poucos funcionários entravam e saíam pela porta principal, embora nenhum vereador tenha sido visto.
Na portaria da Câmara Municipal, apenas um agente da Guarda Civil Metropolitana fazia a guarda do prédio público. O agente auxilou a reportagem a tentar entrar em contato com mais oito vereadores, entre eles o presidente da Casa, José Américo. Ninguém foi encontrado.
Às 17h05, a assessoria de imprensa da vereadora Patrícia Bezerra enviou a seguinte nota à redação do UOL Esporte: "Em referência a matéria do UOL Esporte, a assessoria de imprensa da vereadora Patrícia Bezerra esclarece que a vereadora esteve em reunião fora do gabinete no período da manhã, e que não retornou a Casa, por haver determinação da presidência da Câmara de que a Casa seria fechada às 13 horas".
Já às 19h40, a assessoria do vereador Toninho Vespoli (PSOL) enviou a nota abaixo à redação:
"O vereador Toninho Vespoli (PSOL) esteve na Câmara até cerca de 13h30, bem como seus assessores. Após esse horário, por decisão da mesa diretora, todos os funcionários, de todos os departamentos, foram liberados, o que tornaria praticamente sem sentido o vereador permanecer sozinho no prédio trabalhando. Isso porque o gabinete do vereador depende de outros departamentos para seu funcionamento."
* Atualizado às 16h19