Klinsmann vira a casaca, esquece país natal e até ataca a Alemanha

Felipe Pereira

Do UOL, em Manaus*

O sotaque já é quase imperceptível e o discurso é de encher de orgulho qualquer torcedor dos EUA. Se Jürgen Klinsmann não fosse reconhecido mundialmente, facilmente passaria por norte-americano. Prestes a enfrentar o país natal na Copa do Mundo, o técnico alemão dos Estados Unidos dá de ombros para sua relação com a Alemanha e agora só pensa em uma coisa: vencer e classificar os EUA em primeiro lugar do grupo G.

Após o empate por 2 a 2 contra Portugal, os Estados Unidos precisam apenas de mais um ponto para confirmar classificação para as oitavas de final. Mas nem pense que a partida contra a Alemanha será um famoso "jogo de comadres". Mesmo sendo alemão, Klinsmann nega que sua nacionalidade vá pesar no confronto que acontece na próxima quinta-feira, na Arena Pernambuco.

"Acho que as duas equipes vão entrar para ganhar o grupo. Nossa meta entrar próxima rodada e fazer tudo o que for possível. Não pensando o que vai acontecer na cabeça de outras pessoas e outros técnicos. Se assistir ao jogo de hoje, vamos ver que temos capacidade surpreender mais neste campeonato, é o que fazer", disse em entrevista coletiva após a partida.

A relação com os norte-americanos está tão forte, que Klinsmann já usa até a famosa expressão "negócios são negócios" ao falar do reencontro com Joachim Löw, atual técnico da Alemanha e seu auxiliar na Copa de 2006.

"Löw está fazendo o trabalho dele e eu o meu 100%. Meu trabalho é dar tudo e chegar às oitavas. Não é o momento falar amizades. Agora, negócios são negócios", comentou.

Após o jogo contra Portugal, Klinsmann chegou até mesmo a insinuar uma possível ajudar aos alemães. O técnico dos EUA criticou o fato de sua atual seleção ter que viajar mais e descansar um dia a menos em relação ao próximo adversário.

"Temos quatro dias para nos recuperar, eles [Alemanha] têm um dia a mais para se recuperar. Jogamos no Amazonas, e eles não precisaram viajar tanto. Foi tudo feito para os grandes favoritos avançarem e temos que fazer o caminho mais difícil, mas faremos", completou. 

Campeão mundial com a Alemanha em 1990, ainda como atleta, Klinsmann é o responsável por uma mudança significativa no futebol dos Estados Unidos. Sob seu comando desde 2011, os EUA montaram um time sólido e chegaram à Copa com um forte apoio da população local, que antes pouco era ligada ao futebol. Caso siga adiante, o alemão de pouco sotaque e jeito de americano pode virar um ídolo em dois países diferentes. Coisas do futebol. 

*Com colaboração de Patrick Mesquita

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