De chuteiras, camisa, calção e uma bola oval embaixo do braço, Fellipe Florêncio caminha pelo gramado que divide as pistas do Eixo Monumental, em Brasília, rumo a mais um treino. Com 24 anos e praticante de um esporte que não é dos mais populares, ele poderia ser apenas mais um dos jogadores do Alligators, time de futebol americano da capital federal que treina no local. O assédio de quem passa, no entanto, mostra que ele não é um atleta comum.

Mas tanto destaque não ocorre pelo seu desempenho nos treinos e jogos do time. A semelhança física de Fellipe com o atacante da seleção brasileira Hulk explica tanto burburinho.

"A seleção brasileira já chegou? Queria falar com o Hulk também. E tirar uma foto com ele", diz o argentino Fernando, ao perceber a gravação da reportagem com o sósia do atacante paraibano.

Informado de que não se tratava do jogador da seleção, o Hermano se surpreende. "Mas é muito igual. Eu já ia pedir para tirar uma foto".

A comparação é unânime e praticamente inevitável. E a semelhança é tão grande que Fellipe, que também atende quando chamado de Hulk, já faturou uma boa grana interpretando o atacante.

"Cheguei a receber cinco mil reais em um evento e já fiz outros tantos. Não digo que dá para viver, mas é um dinheiro bom em época de Copa do Mundo. As pessoas ficam olhando e comparando com foto até perceberem que sou um sósia. Nas ruas, todo mundo fica pedindo foto", disse o brasiliense, que viu o assédio aumentar às vésperas do confronto entre Brasil e Camarões – na segunda, no estádio Mané Garrincha.

E Fellipe não se dá bem apenas no campo financeiro. "Rapaz, a mulherada confunde mesmo. Já apertaram minha bunda, me agarraram em balada. Acabo levando uma vantagem. O Hulk faz muito sucesso por causa da bunda. Eu acabo fazendo também. Não é tão grande quanto a dele. Tenho uns 104cm de quadril [Hulk tem 111cm]. Mas as meninas gostam".

Tanta semelhança fez até o sósia arranjar uma namorada na "conta" do atacante. "Foi no dia 7 de setembro do ano passado [2013]. A seleção jogou com a Austrália no Mané Garrincha e eu fui pra uma balada à noite. Ela me abordou, me confundiu e começamos a conversar. Acabamos ficando e depois engatamos um namoro. Ela era muito fã do Hulk", disse Fellipe, agora solteiro.

Na mesma época, tamanha semelhança ajudou o sósia a driblar até mesmo o esquema de segurança da CBF. Com uma camisa da seleção, ele entrou no hotel que a delegação se hospedava sem ser incomodado, passou por membros do estafe e chegou até uma sala interna que servia de refeitório. Somente então foi descoberto por um membro da comissão técnica.

"Eles ficaram rindo. E admitiram que a semelhança era muito grande", contou.

Com o esquema reforçado para a Copa do Mundo, ele não sabe se terá a mesma sorte, mas promete nova investida. E desta vez para entregar uma encomenda. "Quero que ele coloque essa bola na estante de troféus dele. É uma singela homenagem. Sou sósia, mas, acima de tudo, muito fã também", disse Fellipe. Ou Hulk para os mais desavisados.