Zagueiro do Equador aprende português em 6 meses e fala até 'carioquês'

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Curitiba

Frickson Erazo tem 26 anos e desde janeiro defende o Flamengo. É zagueiro, contratado para ser referência no setor defensivo. Não deu tão certo até agora – foram só seis partidas, com mais falhas do que se imaginava –, mas ele mostra que aproveitou de alguma forma o pouco tempo no Rio de Janeiro. Após a vitória da seleção equatoriana por 2 a 1 sobre Honduras, nesta sexta-feira, em Curitiba, Erazo apareceu na zona mista do estádio falando um português quase sem erros. E até 'carioquês'.

Erazo foi um dos melhores do jogo. Criou, da parte de trás do campo, um dos gols de Enner Valencia, que recolocou o Equador na Copa do Mundo após a derrota para a Suíça na estreia. É chamado pela torcida do Flamengo de "El Elegante". É mais uma brincadeira dos cariocas do que propriamente um juízo de valor. E além de conhecer bem o idioma, Erazo também já demonstra que conhece bem o futebol brasileiro: para ele, não é coincidência o fato das seleções europeias estarem, de modo geral, fracassando na Copa.

"Não é coincidência, não. O futebol sul-americano está crescendo muito. Igualou. Como se fala lá no Rio a 'parada é diferença'. Os times europeus sabem o que há na América do Sul", falou Frickson, rindo ao soltar a expressão carioca, com sotaque carioca – Chile e Colombia venceram as duas primeiras partidas, e o Uruguai se recuperou ao vencer a Inglaterra.

A brincadeira da torcida flamenguista com o "Elegante" é vista da mesma forma por Erazo. Ele fala como quem sabe que o nome está mais para farra do que para descrição de seu futebol. E se diverte: "Lembrei, lembrei [do apelido, ao criar a jogada de um dos gols]. O atleta sempre precisa da confiança, agradeço muito meu professor. Acho que hoje não fui só eu que fui bem, todos nós fizemos um grande jogo", afirmou, antes de deixar a Arena da Baixada, novamente em bom português.

A vitória sobre a Honduras deu à seleção equatoriana o ânimo para voltar a pensar numa classificação às oitavas de final. O primeiro jogo, contra a Suíça, acabou em desilusão após os equatorianos sofrerem gol nos últimos segundos. Agora, vem a tarefa mais difícil: bater a França, que aplicou goleadas sobre Honduras e Suíça, no Grupo E. Mas para o quase carioca Erazo, tudo é possível.

"É verdade que hoje fizemos uma boa partida, nós temos chance [de classificação]. Mas agora temos que ficar tranquilos e sperar fazer um bom próximo jogo", concluiu.

O Equador enfrenta a França na próxima quarta-feira, no Maracanã. O outro jogo do Grupo E, que decide a classificação às oitavas, entre Honduras e Suíça, acontece no mesmo dia, em Manaus.

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