Uma sede da Copa tinha a Espanha e Shakira. E vai acabar com amistosos

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Curitiba

A seleção campeã mundial treinando e jogando, alguns dos melhores jogadores do planeta, Shakira, Sara Carbonero, centenas de jornalistas… Eram diversos os fatores para aquecer a gelada Curitiba durante a Copa do Mundo. Mas o desastre da Espanha em campo também fez da Copa em Curitiba uma frustração esportiva e midiática. Agora, depois de sediar o pior jogo da Copa até aqui, a capital paranaense vê as próximas três partidas que sediará na Arena da Baixada se transformarem praticamente em amistosos.

Na teoria, a Espanha jogaria em Curitiba no dia 23, contra a Austrália, já classificada ou para confirmar uma classificação. Chegará eliminada, estraçalhada, com nenhum ponto e sete gols sofridos em dois jogos. A notícia seria os dias espanhóis no CT do Caju, do Atlético-PR, mas se transformou na cobertura de um velório. O clima de festa com a cantora colombiana Shakira, esposa do zagueiro Gerard Piqué, do Barcelona e da seleção espanhola, não passou nem perto de aparecer. Poucas até foram as fotos de Shakira – não ficaria bem aparecer enquanto a Espanha sofre o maior vexame da década, ainda mais com Piqué sendo colocado no banco de reservas pelo técnico Vicente Del Bosque após o 5 a 1 sofrido.

O mesmo valeu para Sara Carbonero, mulher do goleiro Iker Casillas, capitão do Real Madrid e da Fúria. A repórter que foi de vilã a queridinha dos espanhóis na Copa do Mundo de 2010 – apontada pela imprensa como culpada pela derrota na estreia, contra a Suíça, e ícone do título ao beijar o goleiro depois da vitória sobre a Holanda, na final – também ficou em Curitiba. Foi vista publicamente em um dia, apenas, quando resolveu deixar o hotel para almoçar em um dos maiores shoppings da cidade. Não pisou no CT do Caju enquanto houve jornalistas por lá. Sua situação é ainda mais incômoda que a de Shakira: Casillas foi o retrato da derrota, com falhas nos dois jogos.

Para o povo curitibano, a esperança era a partida entre Austrália e Espanha – mesmo para aqueles que não têm ingresso para a partida e só querem absorver um pouco do clima que a Copa traz à cidade. Irã x Nigéria, Equador x Honduras, Argélia x Rússia… A Arena da Baixada foi premiada com outras três partidas que, como era de se esperar, não têm grande importância para o chaveamento da fase decisiva do torneio.

O que intensificou a expectativa por uma melhora espanhola foi o primeiro jogo em Curitiba. A Copa do Mundo no Brasil não tinha nenhum empate, nenhum jogo sem gols e se marcava pelo ótimo nível técnico. As duas seleções ignoraram o retrospecto e passaram como tratores por cima do futebol bem jogado. Jogo horrível. Acabou até com vaias nas arquibancadas, com torcedores fartos da carência de espetáculo. E o óbvio: confirmou que nem Irã e nem Nigéria deverão aparecer como surpresas.

O mesmo vale para Honduras e Equador. Duas seleções derrotadas que se enfrentam nesta sexta-feira, na Arena da Baixada, para tentar alguma coisa. Já perderam no primeiro confronto e não deverão criar problemas para Suíça e França, no Grupo E. De que serve o jogo, esportivamente? Austrália x Espanha, então, pior ainda. Ambos já eliminados, a campeã com requintes de crueldades. Enfrentam-se no dia 23, mas se pudessem voltariam antes para casa. No dia 26, despedida de Curitiba da Copa, jogam Argélia e Rússia. Certamente não haverá grande nível técnico, e tudo vai depender ainda da segunda rodada, mas a Argélia já perdeu para a Bélgica, e a Rússia empatou com a Coreia do Sul. No máximo, servirá para confirmar uma classificação russa.

Curitiba amanhecerá nesta sexta-feira, data do segundo jogo da sede, por volta dos 10°C. O Paraná não abraça uma Copa quente. Nos próximos dias, valerá mais o clima criado pelos turistas do que propriamente a disputa dentro de campo. E quase tudo pela derrocada espanhola, de quem se esperava a grande atração desta Copa. 

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