Alemães têm cartilha de perigos no Brasil e até van com telefone 24 horas
José Ricardo Leite
Do UOL, em Fortaleza (CE)
Organização, disciplina, comprometimento, logística bem feita e preocupação com o bem estar de seu povo. Estas palavras se referem ao estilo alemão de ser, e elas estão presentes durante a passagem do país tricampeão mundial na Copa do Mundo no Brasil. O torcedor da Alemanha é amparado por uma lista de regras enviadas pela embaixada e até por um projeto que dá assistência nas cidades em que a seleção passa.
O consulado alemão distribui para os torcedores que vem ao Brasil dicas de como evitar surpresas desagradáveis na terra do futebol pentacampeão mundial. Entre elas, estão conselhos como evitar andar nas ruas com celulares, relógios, máquinas fotográficas e câmeras, ter cuidado com o passaporte e cartão de crédito, andar com pouco dinheiro e não reagir a assaltos.
A última delas é uma alerta sobre prostituição: diz para os alemães ficarem atentos contra roubos de garotas de programa e para usarem preservativos caso tenham relação sexual.
Nas cidades em que a equipe europeia passa, há um serviço especial organizado por próprios torcedores para dar suporte àqueles que tenham algum tipo de problema ou necessidade na passagem pelo Brasil. O serviço é chamado de Embaixada dos Torcedores e atua com financiamento da Federação Alemã de Futebol e do governo local, embora eles não tenham nenhuma atuação e só colaboram com dinheiro.
Mais dez pessoas, sendo três pessoas do consulado alemão, ajudam nestas unidades móveis que ficam em pontos de grande movimento das cidades para dar assistência. Em Fortaleza, uma van fica em frente ao Boteco Praia, próximo à Fan Fest e ao terro de Iracema, oferecendo auxílio para os fãs.
Colaboram com informações na língua alemã e informam sobre como chegar a lugares, procedimentos em caso de roubos e existe até uma equipe médica. Existe até um número que ficado ligado 24 horas por dia à disposição da torcida.
"Começamos esse projeto em 1992 pela primeira vez. É um movimento feito para cuidar dos torcedores do nosso país, mas também ajudar a inseri-los na cultura do país sede. Só estamos vendo reações positivas quanto a isso, tanto dos alemães como dos brasileiros que passam por lá", disse Martin Curi, alemão que vive no Brasil e ajuda a organizar o projeto.
"Na Copa de 2006, na Alemanha, prestamos serviços em todas as cidades sedes para ajudar torcedores do mundo todo", continuou. "Já vi serviços desse tipo também por parte dos ingleses."
O alemão Patrick Behr mora há mais de três anos no Rio de Janeiro e trabalha como professor de finanças na Fundação Getúlio Vargas. Ele diz que tudo isso é algo tradicional entre os alemães.
"O alemão é diferente nesse sentido. Uma das maiores diferenças que sinto em relação ao Brasil é isso, organização e infra-estrutura para as coisas. Acho que a Alemanha se destaca nesse sentido se comparada com outros países. O alemão é rígido, pontual. Para ele se você deu a palavra, ela vale muito. No Rio senti essa diferença, te falam uma coisa, mas depois você vai ver e não é bem assim", falou.
"Apesar disso, o brasileiro tem muitas outras qualidades. Tanto é que apesar dos problemas de organização e segurança, prefiro o Brasil ainda, gosto muito do Rio", continuou.