Invasão do Maracanã gera crise e jogo de empurra entre governo, COL e Fifa
Rodrigo Mattos
Do UOL, no Rio de Janeiro
A invasão do Maracanã antes da partida Espanha e Chile provocou uma crise e um jogo de empurra-empurra de responsabilidades entre o COL (Comitê Organizador Local), a Fifa e autoridades públicas. Todos tentam minimizar sua responsabilidade no episódio.
Os governos estadual e federal alegaram não ter nenhuma culpa na invasão. A versão de ambos é de que a falha foi de seguranças particulares do comitê que não conseguiram conter a invasão. De fato, isso é responsabilidade do COL, dada pela Fifa.
Mas, nos bastidores, membros do comitê organizador lembraram que houve uma aglomeração dos chilenos em volta do estádio que não foi percebida por policiais, que atuam externamente. E que uma invasão como essa é também uma questão de segurança pública, ou seja, das autoridades públicas.
Os policiais são responsáveis pelo entorno. Pelo plano para proteção do estádio, não havia um procedimento para impedir fãs de chegarem à beira da grade dos estádios. Fora casos de marketing de emboscadas ou protestos, torcedores poderiam entrar no perímetro em volta do Maracanã sem passar por bloqueios, e sem necessidade de ingressos.
Em volta, as barreiras são feitas só em determinadas vias, e não em todas as ruas. O fechamento do perímetro só ocorreu três horas antes do jogo. Tudo isso está no protocolo de segurança, que contou com a concordância da Fifa.
Com essas regras, era fácil para os chilenos entrar separadamente e depois se aglomerar nas cercas próximas do estádio antes da invasão. Policiais ainda suspeitam de que eles pudessem ter bilhetes falsos, o que facilitaria sua entrada.
A segurança particular contratada pelo COL já cometeu seguidas falhas durante essa Copa. No próprio Maracanã, também houve uma invasão menor de torcedores argentinos no primeiro jogo. Diversos elementos proibidos já entraram nas arenas, como rojões, bandeiras grandes e instrumentos musicais. Não é um caso isolado: ocorreu em quase todos os lugares. Em volta do Maracanã, também havia rojões soltados no estádio antes da partida dos chilenos, o que deixava claro que não foram feitas revistas ou foram mal feitas.
Desorganizado, o comitê teve equipes de segurança menores do que o necessário no Castelão: contratou uma empresa que não apareceu. E teve de recorrer a policiais para suprir a falta de homens. O policiamento especial de estádio do governo do Rio está pronto para ser chamado para reforçar o Maracanã se for requisitado. Independentemente da decisão, a crise está instalada na organização da Copa após a invasão do seu principal estádio.