Felipão repete história e mexe no time durante a Copa do Mundo

Paulo Passos

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

  • Marcelo del Pozo/Reuters

    Técnico Luiz Felipe Scolari leva as mãos à cabeça durante o empate do Brasil contra o México, pela segunda rodada da Copa

    Técnico Luiz Felipe Scolari leva as mãos à cabeça durante o empate do Brasil contra o México, pela segunda rodada da Copa

No segundo jogo da Copa, Luiz Felipe Scolari não repetiu a escalação da estreia e depois da partida deu a entender que ainda pode mexer mais na equipe que jogará contra Camarões, na próxima segunda-feira. Mudar de ideia e de time durante o Mundial é uma rotina na seleção. Desde a primeira edição do torneio, o Brasil não repete o mesmo time em todos os jogos.

Apenas em 1934, a seleção teve uma única formação titular na Copa. Isso porque jogou só uma partida, a derrota para a Espanha, por 3 a 1, que eliminou o time precocemente do torneio.

A mudança de Felipão na última terça foi a saída de Hulk. Segundo o técnico, os médicos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o próprio jogador, ele não tem nenhuma lesão e poderia atuar. Felipão disse que as dores que o atacante sente o tiraram do jogo e deu a entender que pode mexer mais no time para a última rodada da primeira fase. 

"Time é esse com algumas variações, pode ser que eu tenha outra substituição pra iniciar contra Camarões. Mas é essa equipe que confio plenamente", afirmou.

Em treinos, Scolari testou três jogadores para a função de Hulk: Ramires, que jogou o primeiro tempo contra o México, Bernard, que atuou na segunda etapa, e Willian, que entrou faltando dez minutos para o final, mas no lugar de Oscar.

Mexendo na equipe

Felipão repete o que fez em 2002, quando escalou cinco times diferentes em sete jogos. Dos 11 que estrearam na vitória sobre a Turquia, por 2 a 1, para os que venceram a Alemanha na final, por 2 a 0, havia uma diferença. Juninho Paulista perdeu a vaga de titular nas quartas de final para Kléberson, que seguiu no time até a decisão.

Atual coordenador técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira também mudou seus titulares durante as duas Copas em que foi treinador do Brasil. Em 1994, escalou quatro formações diferentes nas sete partidas do tetracampeonato.

O time que saiu na foto do título surgiu nas quartas de final, na vitória sobre a Holanda. Tinha três diferenças da equipe que jogou na estreia contra os russos. Ricardo Rocha, Raí e Leonardo saíram do time titular durante o torneio por motivos diferentes. O zagueiro se lesionou na primeira partida e foi substituído por Aldair. Raí, que era o camisa 10, perdeu a vaga para Mazinho nas oitavas de final, após três atuações ruins na primeira fase. Já Leonardo foi suspenso após desferir uma cotovelada em Tab Ramos contra os Estados Unidos e foi substituído por Branco.

Em 2006, Parreira começou a Copa com o batizado "quadrado mágico", que tinha Adriano, Ronaldo, Ronaldinho e Kaká. Nas quartas de final, porém, ele foi desfeito com a entrada de Juninho Pernambucano no lugar de Adriano. A ideia era ter um armador no meio campo e deixar Ronaldinho com mais liberdade para jogar no ataque, como fazia no Barcelona. A estratégia não deu certo, a seleção foi dominada pela França, perdeu por 1 a 0 e voltou para casa.

Pelé em 58 veio com mudança

Trocar a roda andando rendeu títulos e times que ficaram marcados na história da seleção. A equipe que venceu a primeira Copa da seleção, em 1958, só foi escalada pela primeira vez na terceira rodada.

Depois de empatar em 0 a 0 com a Inglaterra, Vicente Feola colocou a dupla Pelé e Garrincha em campo contra a União Soviética. O Brasil venceu por 2 a 0, com gols de Vavá, mas ganhou mesmo foi a certeza de que precisava dos dois craques.

Há duas versões sobre o fato de Pelé não ter jogado nos primeiros dois jogos da campanha. Jornais da época relatam que o jovem de 17 era reserva por opção de Feola. O ex-camisa 10, porém, defende que uma lesão num amistoso contra o Corinthians antes de partir para a Suécia o tirou da equipe nas primeiras rodadas.

"Quando fui convocado, já era titular na Copa Roca. Estreei no Maracanã contra a Argentina. Fiz um gol e fomos campeões em São Paulo", afirmou Pelé, em entrevista à Folha de S. Paulo, em 2008. "Torci o tornozelo e o joelho. Todo mundo falava só do joelho. Na época, não tínhamos os recursos de agora. Tratamento era toalha e bolsa quentes, massagem com pomada que aquecia, contraste, metia o pé no balde de gelo", contou.  

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