Com jeitinho, "padrão Carnaval" dribla "padrão Fifa" nas ruas de Salvador

Vagner Magalhães

Do UOL, em Salvador

  • Vagner Magalhães/UOL

    Vendedor ambulante atua nas imediações da Fan Fest, em Salvador

    Vendedor ambulante atua nas imediações da Fan Fest, em Salvador

O comércio de rua de Salvador está a todo vapor nessa Copa do Mundo. Se no entorno da Arena Fonte Nova a situação está mais próxima do "padrão Fifa", nas imediações da Fan Fest, que também faz parte dos eventos oficiais, o comércio de rua lembra mais o Carnaval de Salvador. Produtos piratas, bebidas destiladas de origem duvidosa e petiscos vendidos em condições precárias de higiene são oferecidos. Apesar de algumas apreensões por parte da fiscalização, os vendedores se viram como podem para fazer parte da festa e lucrar.

A clientela é heterogênea e conta com moradores de Salvador, turistas brasileiros e estrangeiros. Na mão dos ambulantes, um clássico do Carnaval baiano estava presente nas imediações da Fan Fest: o Príncipe Maluco. É uma bebida artesanal que leva conhaque, cachaça, vodca, catuaba, mel, guaraná em pó, gengibre e cravo. Desde o Carnaval, a comercialização desse tipo de bebida está proibida pela prefeitura de Salvador. Por questão de segurança, os espetinhos também são vetados, pois podem se tornar uma arma nas mãos dos torcedores.
 
Camisas piratas da seleção brasileira, principalmente para crianças, também podiam ser compradas em cada esquina. No primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo, contra a Croácia, a prefeitura informou que apreendeu "um saco contendo bebidas diversas, cerca de 100 espetinhos, uma sacola contendo queijo coalho, uma mesa de ferro, e um garrafão de 20 litros contendo o 'Príncipe Maluco'". A operação contou com 90 fiscais e apoio de 32 guardas municipais.
 
No jogo contra o México, a situação se repetiu e outras apreensões foram feitas. Enquanto no interior da Fan Fest uma Budweiser ou uma Brahma são comercializadas por R$ 4, do lado de fora, pode-se comprar 3 latinhas de Skol - de 269 ml - ou da Nova Skin por R$ 5.
 
"Aqui o pessoal não bebe tanto quanto no Carnaval, mas vai indo. O clima de Copa é mais de família", disse a vendedora credenciada Ana Maria, que tentava vender as últimas latas ao fim do jogo do Brasil contra o México.
 
Entre os turistas brasileiros, o preço é considerado um fator determinante para a escolha. Já os estrangeiros não são rigorosos. Muitos alemães que estavam na cidade depois da goleada da sua equipe, contra Portugal, aproveitaram para provar algumas caipirinhas, produzidas na hora.
 
Prometendo curar a ressaca de quem passou da conta, um vendedor de cana-de-açúcar prometia milagres, com glicose concentrada. Ele corta a cana em pequenos pedaços e depois a espeta em um palito de churrasco. De acordo com a cara do freguês, o preço pode variar entre R$ 1 e R$ 2. Tudo acondicionado em uma bacia de lavar roupa, sobre sua própria cabeça.

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