Brasil de Felipão se divide entre o sonho de 2013 e a realidade do Mundial

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

O Brasil terminou a Copa das Confederações se impondo sobre a Espanha e mostrando ao mundo que seria favorito ao título jogando em casa. Um ano se passou, e com ele se foram várias dessas convicções. Depois de dois jogos, a seleção não parece mais o bicho-papão que se imaginava e sofre com o choque de realidade da Copa do Mundo.

É como se um ciclo se encerrasse. Um ano atrás, o Brasil começava sua comunhão com a torcida na mesma Fortaleza, batendo um México perigoso. O adversário era o mesmo, mas a seleção que entrou em campo na última terça teve pouco a ver com aquela que garantiu sua vaga para a semifinal a Copa das Confederações com alguma autoridade.

Na Copa, o Brasil de Felipão criou menos do que se esperava e parou no goleiro mexicano. O 0 a 0 deixa a definição da vaga para a partida contra Camarões, na próxima segunda, que encerra a participação da seleção na primeira fase. Mais que qualquer temor por uma eliminação - um empate basta para selar a vaga -, ficou o sinal de alerta para o time.

O Brasil passou da estreia sob o argumento de que, diante da ansiedade, o importante é vencer. Só que a evolução esperada para o segundo jogo não veio. Contra o México, a seleção deu os mesmos 14 chutes a gol que havia arriscado contra a Croácia e chegou só uma vez a mais à área dos latinos, com um aproveitamento muito pior – três gols marcados contra nenhum na última terça.

Titulares que brilharam em 2013 estão mal. Paulinho tem participado pouco do ataque e da defesa, prova disso é o número de passes dados pelo jogador em dois jogos. São 20 a menos que Neymar e Oscar, os homens da criação, e 50 a menos que Luiz Gustavo, seu companheiro de marcação e saída de jogo. Fred, por sua vez, deu dois chutes até agora, e só contra o México ficou três vezes em impedimento.

"Copa do Mundo é assim, todo mundo quer ganhar. Não tem nenhuma seleção que só quer participar, diferente da Copa das Confederações. Nem todo mundo dá valor e a essa altura a gente já estava classificado", disse Jô, tentando entender por que o time piorou em um ano e deixando bem clara a sua opinião.

Sobra quem concorde com o atacante reserva. Antes do jogo da estreia, por exemplo, Olic disse que via os buracos da defesa do Brasil. Na última terça, foram os mexicanos que deixaram o estádio tripudiando dos brasileiros. "São vulneráveis", disse Andrés Guardado, seguindo o discurso de uma das figuras mais importante da Copa.

"Acredito que os melhores foram Holanda e Alemanha. Mas tem seleções que ainda não fizeram tudo que podem. Com o passar do torneio elas podem melhorar. Tivemos algumas surpresas, mas nos primeiros jogos os melhores foram Holanda e Alemanha", disse Lionel Messi, poupando o Brasil dos seus elogios.

O problema é que o Brasil faz o mesmo. Enquanto comentaristas e torcedores em geral torcem o nariz para as exibições da seleção, jogadores e comissão técnica esbanjam confiança.

"Para mim a gente jogou muito bem hoje. Se a gente fizesse o gol vocês iam estar fazendo outras perguntas. A gente jogou bem hoje de novo. É difícil jogar contra o México", disse Oscar. "O time jogou melhor que contra a Croácia", endossou Felipão.

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