A vinte minutos do início da partida entre Brasil e México, a sala da delegacia instalada no Castelão estava cheia de torcedores. A maioria registrava furtos e perdas de ingressos. Ao final do jogo em Fortaleza, foram registrados 40 desses casos no estádio, segundo o delegado Elzo Moreira.

Os torcedores que ficaram sem os bilhetes tentavam cancelá-los antes que alguém usasse para assistir ao jogo. Faziam tanto barulho que um policial teve que bater na mesa para que fizessem silêncio.

O UOL Esporte ouviu uma torcedora contar aos policiais que fotografar seu ingresso antes de entrar. Mas alguém puxou o bilhete, ela caiu no chão e machucou a perna. A vítima não quis dar entrevista. A maioria dos que foram furtados estavam distraídos no momento.

Depois da partida, uma torcedora que também não quis dar entrevista, disse aos policiais que teve a sua bolsa furtada. Segundo a versão dela, houve um tumulto com torcedores querendo roubar copos que os outros levavam para casa como lembrança. Alguém aproveitou a confusão e levou sua bolsa.

Outro que registrou queixa após o jogo, foi o torcedor mexicano que se identificou apenas como Agustin. Ele disse que teve a carteira furtada com R$ 700 ainda dentro do estádio. "Estava bebendo cerveja, a minha namorada estava junto. Começaram aquelas brincadeiras de torcida, um provocando o outro. Um policial bateu nas minhas costas e me mandou sair. Quando vi já estava sem a carteira.Tenho ingresso para o jogo com a Croácia, mas não quero mais saber de Copa. Vou pegar um voo para o México", afirmou ele.

No entanto, o caso que mais movimentava a delegacia depois do empate sem gols era o de dois torcedores do México detidos por desacato a autoridade, de acordo com o delegado Moreira.

A versão dos mexicanos é de que eles foram agredidos pela polícia. "Não estava fazendo nada, e me jogaram não chão, fui chutado e bateram na minha cabeça", disse Artur, que foi impedido de falar com a reportagem por um representante do consulado mexicano que tampou sua credencial para não ser identificado. O torcedor, que tinha mancha de sangue na camisa, seria julgado ainda nesta noite com seu amigo pelo juizado do torcedor por ser estrangeiro.

Segundo o policial Joel Oliveira, no entanto, Artur agrediu um delegado dentro do estádio. "Eles estavam assistindo ao jogo em pé. Os outros torcedores reclamaram. Quando o delegado mandou que sentassem foi agredido e fez a prisão", declarou Oliveira.

O mesmo policial afirmou ter visto vários desentendimentos entre torcedores dos dois países. "A imprensa está dizendo que mexicanos e brasileiros conviveram em clima de paz, mas não foi nada disso. Vi muito mexicano atirando copo de cerveja em brasileiro, o número de ocorrências foi igual ao de um clássico entre Ceará e Fortaleza. Não foi nada calmo", completou Silveira.