Cadê os barras? PF flagra apenas 10 em lista de 2.100 até agora

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

Muito se falou nos meses que antecederam o início da Copa sobre o perigo da esperada invasão dos barra bravas, torcedores argentinos conhecidos pela violência contra outras torcidas, mas até agora parece que a maioria não vem para o Mundial -- pelo menos é o que aponta o número de impedidos de entrar no Brasil pelos aeroportos e fronteiras rodoviárias pela Polícia Federal passados os cinco primeiros dias da competição.

De uma lista fornecida pela polícia argentina com 2.100 nomes de torcedores condenados por crimes envolvendo tumultos em estádios ou briga de torcidas -- o governo brasileiro anunciou que eles seriam impedidos de entrar no país durante o Mundial -- apenas dez tentaram ingressar no país até agora, pelo menos sem ser clandestinamente de acordo com levantamento obtido pelo UOL Esporte.

Segundo a Polícia Federal, na manhã de segunda-feira (16) quatro argentinos que viajavam de carro foram impedidos de entrar no Brasil pela fronteira rodoviária em Uruguaiana (RS). Eles tiveram de voltar a Paso de Los Libres, na Argentina. Apenas dois deles estavam na lista, mas a outra dupla também foi mandada de volta pelo agente de imigração no posto da fronteira por estar em companhia dos barras fichados. Na semana passada, outro barra brava que viajava de carro foi barrado no mesmo posto de fronteira.

No dia 10, o Ministério da Justiça publicou uma portaria com a decisão de proibir os torcedores argentinos com histórico de violência de entrar no Brasil -- o mesmo vale para outras nacionalidades.

Desde o dia 9, três dias antes do início da Copa, dois barras bravas da lista suja foram proibidos de entrar no país pelo aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e foram mandados de volta para a Argentina. Outros dois tentaram entrar pelo fronteira rodoviária em Foz do Iguaçu (PR), e um pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Não há um número oficial de quantos argentinos entraram no Brasil para acompanhar a Copa até agora, mas no final de semana no Rio de Janeiro eles deixaram claro que são muitos -- a cidade foi "invadida". A Secretaria de Turismo do RJ estima que pelo menos 50 mil argentinos estiveram na cidade para a estreia da seleção contra a Bósnia, no Maracanã, quando venceu por dois a um.

Apesar disso, não há registro de episódios mais graves de violência envolvendo esses turistas até o momento. Assim, o número de barras violentos flagrados nas fronteiras, comparado com a quantidade de torcedores argentinos que estão por aqui, é baixa. Isso não significa que barras bravas não estejam no Brasil, mas pelo menos 99,5% dos mais violentos, que estão na lista suja, não tentaram entrar legalmente. Nenhum clandestino foi encontrado até agora, mas a PF não descarta essa possibilidade.

De acordo com a coordenação da PF, no CCPI (Centro de Cooperação Policial Internacional), em Brasília, nos primeiros dias a Copa tem sido muito tranquila em relação a ocorrências policiais envolvendo estrangeiros, tanto como vítimas como quanto agressores em eventuais registros de crimes e infrações. O centro recebe cerca de 100 consultas diárias de todo o país para checar histórico de estrangeiros que estão entrando ou já estão no país.

Conforme o UOL Esporte revelou em abril, grandes grupos de torcedores estrangeiros que estão no Brasil para assistir de perto à Copa do Mundo são acompanhados pela polícia de seu próprio país durante a estadia em território nacional. Toda cidade-sede do Mundial onde há grande concentração de torcedores de um determinado país há policiais da mesma nacionalidade, para acompanhar de perto o grupo e servir de intermediário com a polícia brasileira no caso de alguma ocorrência ou problema envolvendo estes turistas.

Cada país participante da Copa recebeu o convite para enviar sete policiais para ajudar no Mundial. Assim, trabalham no evento 217 policiais estrangeiros. Pelo menos um representante de cada nação fica em Brasília, no centro, e os outros espalhados pelo país. De acordo com o acompanhamento feito no CCPI, a presença de policiais de seus países junto com as torcidas nos estádios e cidades-sede -- eles trabalham identificados -- ajuda a inibir comportamentos violentos.

Ao todo, 16 estrangeiros foram deportados do Brasil durante a Copa -- além dos barras argentinos, dois angolanos, dois nigerianos, e dois americanos (dos quais um tinha sido julgado e condenado por pedofilia).

Nos próximos dias, a Polícia Federal do Rio Grande do Sul deve divulgar quantos argentinos cruzaram a fronteira gaúcha para vir ao Mundial até agora. O mesmo deve ser feito em relação aos aeroportos. A PF nacional e o governo federal devem fazer o mesmo em relação a todos os estrangeiros no Brasil. 

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