Homofobia é alvo de 'beijaço gay' em dia de Irã x Nigéria em Curitiba

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Curitiba

Um grupo de torcedores iranianos não sabia direito, mas a manifestação que ocorria a uns 30 metros de distância de onde eles entoavam gritos de apoio à sua seleção tinha como alvo a homofobia registrada no Irã e na Nigéria. A manifestação ocorreu na manhã desta segunda-feira, horas antes do confronto entre as duas seleções, na Arena Curitiba.

Um grupo da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) protestava contra o fato de Irã e Nigéria serem considerados dois dos países mais intolerantes à orientação sexual. Homossexuais são condenados à pena de morte nos dois países. Para escancarar o repúdio ao fato, alguns integrantes do grupo manifestante trocavam beijos.

"Iraniano é nosso amigo, mexeu com gays, mexeu comigo" era um dos cânticos entoados pelos manifestantes, que decidiram fazer o protesto em virtude de Curitiba ter recebido jogos de seleções cujos países são popularmente conhecidos pela intolerância sexual: além do Irã, jogarão na capital paranaense Nigéria, Argélia e Rússia, nações com sérias restrições a quem se encaixa na classificação LGBT.

O constrangimento de uma parte dos iranianos que passavam pelo local, no centro de Curitiba, só se deu depois de serem informados pela reportagem do UOL Esporte sobre o conteúdo dos cânticos e o motivo da manifestação. Além de não saberem previamente do protesto, se negavam a falar sobre o assunto. Quando informados que era a respeito das atitudes do governo de seu país contra os gays locais, os torcedores viravam a cara e iam embora.

Samareh Azadi, de 28 anos, porém, não se conteve e decidiu declarar seu apoio ao protesto. "Eu deixei o Irã há um ano porque não me encaixava no regime. Como há muitas culturas diferentes dentro do Irã, há muita gente que não entende quando vê um protesto como esse. Eu, no que puder ajudar, sou totalmente favorável ao protesto".

Postura completamente diferente da adotada pela maior parte dos iranianos que passavam pela manifestação, no centro de Curitiba. Quem aceitava falar sobre o assunto, negava-se a declarar o nome. "Sim, há repressão no Irã e na Nigéria. É difícil entender porque é uma cultura diferente em relação ao Brasil e a outros paises da Europa".
 

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