'Pelé' e 'Maradona' duelam por atenção de turistas e gorjetas no Maracanã
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Vinicius Konchinski/UOL
Maradona e Pelé "genéricos" batem ponto em frente ao Maracanã durante na véspera da Copa
Um duelo entre Pelé e Maradona no Maracanã? E durante a Copa do Mundo de 2014? Sim, é possível. Tanto é que acontece diariamente há pelo menos uma semana. Contudo, em vez dos dois maiores craques do futebol mundial, ele reúne dois artistas de rua: Marcio Pelé e Daniel González.
Marcio Pelé é brasileiro, tem 51 anos, e faz embaixadinhas em frente ao maior estádio do país há cinco em troca de gorjetas de turistas. Já Daniel é argentino. Trabalha como estátua viva em Buenos Aires, sempre interpretando Diego Armando Maradona. Veio ao Brasil por causa da Copa e mantém-se aqui com o que ganha em frente ao Maracanã.
Os dois, Marcio e Daniel, disputam atualmente a atenção das centenas de turistas que passam todos os dias em frente ao estádio. Colombianos, mexicanos, chilenos, americanos e chineses, todos querem visitar a arena da final da Copa do Mundo quando chegam ao Rio. Boa parte deles quer levar para casa um lembrança de dois personagens que marcaram a história dos Mundiais da Fifa.
"Passa gente de todo mundo aqui", afirma Marcio Pelé, num intervalo entre uma e outra exibição de embaixadinhas para turistas. "Com essa Copa, então, o movimento aumentou muito. Até concorrência apareceu."
A concorrência é Daniel "Maradona" González. O argentino não tem a mesma habilidade com a bola com o brasileiro. Porém, é pequeno e tem o mesmo porte físico que o maior craque da história de seu país. Isso atrai a atenção de visitantes, que custeiam a estada do argentino no Rio com trocados em troca de fotografias.
"Não é muita coisa, mas dá para pagar minha hospedagem e minha comida", conta Daniel. "Só de estar aqui no Brasil, durante a Copa, já estou muito feliz."
Histórias ligadas ao futebol
Daniel interpreta Maradona há anos. Na Argentina, está sempre no entorno de La Bombonera, estádio do Boca Juniors, com sua peruca volumosa, chuteira e uniforma de jogador de futebol.
Ele conta que já conheceu alguns países da América do Sul interpretando Maradona. Entretanto, nunca havia viajado para um Mundial. "Uma Copa por aqui é especial", conta ele, empolgado com o início do torneio no Brasil.
Já Marcio começou trabalhando no Maracanã na parte de dentro do estádio. Foi funcionário da Suderj, órgão do governo que administrou o Maracanã por cinco anos. Dispensado, passou trabalhar em frente à estátua de Bellini, numa das entradas principais da arena da final da Copa do Mundo.
No dia a dia do trabalho, Marcio já conviveu com outras figuras emblemáticas que trabalharam ao redor do estádio. Até iniciou uma amizade com Daniel "Maradona". Os dois lamentam juntos o fato de não terem um ingressos para assistirem um jogo da Copa de 2014. Nem do Brasil, nem da Argentina, nem da tão sonhada final entre os dois rivais sul-americanos.