Mais indisciplinado das Copas, Brasil insiste na "catequese" dos jogadores
Fernando Duarte
Do UOL, em São Paulo
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Getty Images
Felipe Mello recebeu o 11º vermelho do Brasil em Copas
O goleiro Júlio César ficou marcado pela saída em falso no jogo contra a Holanda na quartas-de-final da Copa do Mundo de 2010, que em muito abalou psicologicamente a seleção brasileira. Mas o tiro de misericórdia veio com a expulsão do volante Felipe Mello, que enterrou as chances de reação quando a seleção já perdia por 2 a 1. O pisão no atacante Arjen Robben, porém, deu ao Brasil um título: o de país mais indisciplinado da história das Copas.
Mello se tornou o 11º jogador brasileiro expulso em Mundiais e fez com o que o Brasil se isolasse na liderança de um ranking de chuveiradas prematuras – responde por quase 7% de todas as expulsões na história do torneio. Naquele mesmo Mundial, o país tinha empatado com a Argentina no número de expulsões quando o meia Kaká levou o segundo cartão amarelo na partida contra a Costa do Marfim. Foi pensando em evitar novos estragos que a CBF levou na semana passada o ex-árbitro Arnaldo Cézar Coelho para conversar com os jogadores na Granja Comary - haverá ainda uma palestra oferecida pela Fifa, a mesma que Melo assistiu em 2010.
Na palestra de quase duas horas o hoje comentarista da TV Globo, que no auge da carreira apitou a final do Mundial de 1982, tentou explicar para os jogadores os meandros das regras da Fifa. Mas não é apenas com expulsões que a comissão técnica da seleção está preocupada. A Copa da África do Sul também vem à mente quando se abordam as suspensões automáticas por dois cartões amarelos: um dos remanescentes do grupo de 2010, o meia Ramires ainda lamenta a exclusão da partida contra os holandeses depois de ser advertido por uma falta desnecessária nas oitavas-de-final, contra o Chile.
"Fiz uma falta no meio de campo e acabei levando o segundo amarelo (na competição). Aquilo me tirou do outro jogo e isso tiro de lição para agora", disse o jogador do Chelsea numa entrevista coletiva realizada nesta terça-feira em Teresópolis.
O Brasil teve jogadores expulsos desde 1938, quando ainda não tinham sido criados os cartões de advertência (só surgiriam em 1966). Naquele Mundial, Zezé Procópio e Machado deixaram mais cedo o duelo com a Tchecoslováquia pelas quartas de final. Não foram apenas jogadores mais viris, entretanto, a entrar para a galeria da infâmia, como mostra o caso de Kaká ou mesmo o de Leonardo e sua cotovelada devastadora no americano Tab Ramos em 1994.
Nilton Santos foi expulso em 1954 na destemperada partida contra a Hungria. Oito anos depois, Garrincha perdeu a paciência e foi convidado a se retirar da semifinal entre Brasil e Chile. Na Copa de 2002, pouco depois de marcar o gol da vitória contra a Inglaterra, Ronaldinho Gaúcho levou o vermelho por uma solada no lateral Danny Mills. No geral, o Brasil teve expulsões em oito das 19 Copas disputadas.
Mas craques também perderam a cabeça em outros países. A Argentina teve Diego Maradona expulso no Mundial de 1982, numa partida contra o Brasil e o cartão vermelho de Zidane na final de 2006 é um dos momentos mais chocantes da história das Copas. Depois de Brasil e Argentina, o Uruguai é o país mais indisciplinado, com oito expulsões, seguido de Alemanha, Itália, Holanda e Camarões, todos empatados com sete. Das grandes nações do futebol, a Espanha se destaca: o vermelho levado Miguel Nadal contra a Coréia do Sul em 1994 é o único da história do país nas Copas.
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