Na "Copa do Purgatório", Marin vê taça na mão e pede trégua em protestos

Do UOL, em São Paulo

José Maria Marin, presidente da CBF
José Maria Marin, presidente da CBF

O presidente da CBF, José Maria Marin, explicitou a pressão em que a seleção brasileira vive para conquistar o título da Copa do Mundo, jogando em casa. E foi além. Para ele, o cenário é de um purgatório. Em entrevista ao jornal O Globo, o dirigente afirmou que em caso de título, ele e a seleção "vão para o céu". Mas, em caso de derrota, não haverá pena. Apesar disso, Marin declarou que só uma fatalidade tira o hexacampeonato do Brasil e, fora do âmbito esportivo, pediu trégua nos protestos.

"Estamos agora, a poucos dias do início da Copa, no purgatório. Se ganharmos a Copa, vamos todos para o céu. Mas, se perdermos, vamos todos juntos para o inferno, porque o brasileiro não vai aceitar outro resultado. Ou é campeão, ou qualquer outra colocação é zero, não significa nada", disse Marin, em entrevista dada em seu apartamento em São Paulo.

O dirigente ainda deixou claro que a pressão também vem da Fifa, que quer a seleção brasileira indo longe na competição, para que a Copa seja considerada um sucesso.

"Eu entendi o recado. Nossa responsabilidade é muito grande. Felizmente, após as escolhas do Felipe Scolari e de sua comissão técnica, tendo à frente o Parreira, fiquei muito mais tranquilo. Acredito que uma boa atuação da seleção já na estreia irá contribuir de uma maneira muito decisiva para que essas manifestações diminuam porque a seleção vai servir de atração para todos", afirmou o presidente da CBF.

Marin adotou um discurso de confiança elevado: "Só uma fatalidade nos tira o título de campeão". Mas acrescentou: "Se acontecer um novo 1950, nenhum brasileiro vai aceitar."

Premiação e manifestações

Marin deu a entender que todo o dinheiro que a Fifa dará ao campeão vai para jogadores e comissão técnica, caso o Brasil conquiste a taça. A Fifa estipulou um valor de US$ 35 milhões (R$ 78 milhões) para o time campeão.

"A questão da premiação, eu posso garantir, ficou totalmente em plano secundário. Eu confesso a você que não houve nenhuma discussão, longas tratativas. Foi coisa instantânea. A comissão técnica apresentou (a proposta), e nós aceitamos imediatamente. (Na Copa das Confederações), a CBF tinha como objetivo a conquista. Por isso que a CBF destinou essa premiação totalmente à comissão técnica e aos jogadores. Como desta vez, sem problemas", opinou ele.

Marin ainda analisou a recente onda de manifestações e afirmou que a CBF no momento só se preocupa com o futebol, dentro de campo, e com a conquista do hexacampeonato.

"Eu não tenho a menor dúvida de que a seleção brasileira não sofrerá nenhum constrangimento durante a Copa. Qualquer manifestação política, nós respeitamos. Mas por ocasião da preparação e agora da disputa da Copa do Mundo, o foco tem que ser exclusivamente futebol. O nosso único objetivo é a conquista do título", afirmou o dirigente.

Marin ainda disse que vê motivação política na greve dos metroviários em São Paulo, mas não se mostrou preocupado com a abertura do Mundial, quinta-feira.

"Eu não acredito que seja uma pura coincidência. Estamos a pouco dias da estreia. Por que não esperar o fim da Copa do Mundo? Faça uma trégua, em benefício do Brasil, não da CBF ou da Fifa. Vamos dar uma imagem positiva, como um país com ordem. Vamos reivindicar, mas sem caos. Tenho total convicção que teremos uma grande festa na inauguração do campeonato do mundo. Nenhum movimento, por mais justo que seja, irá atrapalhar o início da Copa do Mundo", concluiu.

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