Livro relembra veto de Zagallo a pornô e outras histórias de sexo nas Copas

Vanessa Ruiz

Do UOL Esporte, em São Paulo

De uns tempos para cá, falar sobre sexo deixou de ser tabu em Copas do Mundo. Ao menos no Brasil, o assunto povoa as entrevistas com os técnicos da seleção desde a década de 1990. Pensando no sem número de histórias envolvendo o tema, algumas escandalosas a ponto de terem afetado convocações e resultados, os jornalistas Leonardo Bertozzi e Gustavo Hoffman, comentaristas de futebol internacional do canal a cabo ESPN, acabam de lançar o livro "Amor, sexo e traição nas Copas".

A ideia de falar sobre o tema sexo veio de conversas com o publisher da Panda Books, o também jornalista Marcelo Duarte: "Nós queríamos fazer algo para a Copa, mas algo que ainda não tivesse sido abordado. Chegamos nessa proposta de falar de escândalos sexuais, casos menos conhecidos, mas não sabíamos se teríamos histórias suficientes para um livro". Feita a pesquisa, os três concluíram que havia, sim, conteúdo para tanto: "Misturamos algumas histórias que já haviam sido publicadas com outras novas, pouco ou nada conhecidas aqui no Brasil", explica Bertozzi.

Um dos casos selecionados pelos jornalistas é o veto de Zagallo aos filmes pornô na Copa de 1998, disputada na França. Para o treinador da seleção na época, havia sido uma farra com filmes eróticos a responsável pela derrota num amistoso disputado com a Noruega, um ano antes do Mundial, por 4 a 2. "Ele alegou que os jogadores, depois de uma longa viagem de avião até Oslo, trocaram o descanso por boas horas de entretenimento adulto em seus quartos", contam Bertozzi e Hoffman no livro.

Curiosamente, o Brasil enfrentou a mesma Noruega ainda na Fase de Grupos da Copa da França e perdeu de novo, mas por um placar mais ameno: 2 a 1. A seleção brasileira já estava classificada, mas o jogo rendeu assunto por conta de um gol de pênalti marcado pelos noruegueses depois de um lance polêmico. O pênalti cometido por Júnior Baiano foi comprovado, mas só alguns dias depois da partida.

Organizado como uma grande reportagem, o livro "Amor, sexo e traição nas Copas" foi publicado pela Panda Books somente como e-book (livro eletrônico), nas plataformas Kindle (Amazon), Kobo (Livraria Cultura), Google Play, SaraivaReader e em formato ePub. O preço é de R$ 4,99 e US$ 1,99 para a versão em inglês.

Conheça algumas das histórias contadas por Bertozzi e Hoffman no livro 'Amor, sexo e traição nas Copas'
  • Desde a década de 1930
    Giuseppe Meazza foi ídolo do futebol italiano na década de 1930, a ponto de dar nome ao estádio San Siro, do Inter. Meazza tinha o costume de dormir em bordéis antes dos jogos e, na Copa de 1938, convenceu o treinador a liberar os jogadores da seleção para fazer o mesmo. Livre de tensões (era esse o argumento da época, ao menos), os italianos conquistaram o segundo título mundial de sua história.
  • Saiu com a mulher de Platini, foi cortado da seleção
    Christelle era casada com Michel Platini desde 1977, mas foi durante a Copa de 1982 que o escândalo estourou. Foi noticiado que Christelle havia tido um caso com o companheiro de Platini na seleção, Jean-François Larios. Ao receber a notícia, Platini, hoje presidente da Uefa, pediu a cabeça de Larios durante o Mundial e foi atendido. Larios brincou com a pessoa errada e nunca mais foi convocado.
  • O corte (e a vingança) de Renato Gaúcho
    Essa é clássica e não podia ficar de fora. Na Copa de 1986, Renato Gaúcho era uma grande esperança da torcida na seleção brasileira, mas acabou cortado por Telê Santana pelas noitadas em excesso. A "vingança" veio no ano seguinte, pela Copa União: Renato marcou o terceiro gol da vitória do Flamengo sobre o Atlético-MG de Telê por 3 a 2 e ainda mandou um gesto de "cala a boca" para o ex-comandante.
  • Zagallo vetou o pornô...
    Pornô na terra do romance? Não sob o comando de Zagallo. Um ano antes da Copa de 1998, o Brasil havia perdido um amistoso para a Noruega por 4 a 2. Para Zagallo, a derrota havia sido consequência de uma "noitada de filmes pornográficos" promovida pelos jogadores antes da partida em vez de descansarem. Ao chegarem na França, não deu outra: foram vetados os canais adultos no hotel da seleção.
  • ...e a comissão de Felipão liberou a revista
    Na Copa de 2002, os jogadores receberam algumas revistas especiais para passar o tempo. Revistas de mulher pelada. Após o vazamento da informação, Felipão negou tudo. Mas Antonio Teixeira, tio do então presidente da CBF Ricardo Teixeira, admitiu a existência das revistas e disse ainda que elas já tinham viajado de volta ao Brasil: "Estavam em poder de alguém que ia entregá-las, mas já voltou".
  • A irresistível beleza italiana
    A seleção italiana reúne bonitões e isso não é de hoje. Tanta beleza acaba atraindo mais pretendentes a casos rápidos do que os treinadores gostariam. Por isso, em 2006, os responsáveis pela seleção pediram para o hotel em que se hospedariam "arranjar uma solução" para evitar que funcionárias se envolvessem com atletas. O hotel deu férias para todas e o "isolamento" funcionou: a Itália foi campeã.
  • Triângulo belga terminou em paz...
    A seleção da Bélgica é uma das sensações da Copa de 2014... e já teve escândalo de traição. O meia Kevin de Bruyne se separou da namoradaporque ela teve um caso com o goleiro Thibaut Courtois. Os dois eram jogadores do Chelsea, embora emprestados para outros times. A Federação Belga se manifestou: "Não negamos que houve problemas, mas ambos confirmam que está superado. Eles conversam normalmente".
  • ...e triângulo inglês encerrou a passagem de Bridge pela seleção
    Se na seleção belga ficou tudo bem, na seleção da Inglaterra, antes da Copa de 2010, as coisas não foram tão suaves. Vanessa Perroncel, então namorada de Wayne Bridge, teve um caso com John Terry (curiosamente, os dois também eram do Chelsea). Terry acabou perdendo o posto de capitão e Bridge renunciou à seleção por não querer conviver com o colega.
  • Casos de amor na Alemanha
    Há traições, escândalos sexuais, mas também tem lugar para o romance em Copas do Mundo. Na Copa de 2010, a jornalista Sara Carbonero e o goleiro Iker Casillas protagonizaram o "beijo dos beijos" de todas as Copas: ela o entrevistava ao vivo depois do título espanhol e ele não se segurou. Outro caso é o da cantora Shakira e do zagueiro Piqué, que se conheceram na gravação do clipe de Waka Waka.
  • As mulheres também sofrem
    No livro, os autores relembram uma fala de Felipão na Copa de 2002, que defendia a abstinência durante a concentração: "Quem não consegue se controlar por um tempo é um animal. Todo mundo fica espantado com essa postura, mas só pensam nos atletas. Ninguém fala das mulheres deles, que vão ficar 50 dias sem sexo". De fato, toda história tem o outro lado. Assim como a abstinência, ao que parece.

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