Pelo menos 650 barra bravas argentinos irão à Copa para "cuidar" da torcida

Carolina Juliano

Do UOL, em Buenos Aires

  • Stanley Chou/Getty Images

    27.06.10 - Torcida argentina no jogo contra o México pela Copa de 2010

    27.06.10 - Torcida argentina no jogo contra o México pela Copa de 2010

A advogada da ONG argentina chamada "Hinchas Unidas" (Torcidas Unidas) disse hoje que pelo menos 650 torcedores barra bravas (ligados a torcidas organizadas) irão ao Brasil para assistir os jogos da Argentina na Copa do Mundo "para proteger a torcida argentina da polícia brasileira".

Débora Hambo disse em uma reportagem da Rede TN de Televisão que esses torcedores vão ao Brasil porque têm ingressos e o direito de assistir à Copa. "Não importa se são barra bravas ou não, somos todos argentinos", disse a advogada. "Essas pessoas são torcedores experientes, que vão ao estádio há muitos anos, e vão ao Brasil para cuidar do resto da torcida."

Segundo a advogada, não se sabe como a polícia brasileira vai agir no caso de confusão entre torcidas e, se algo acontecer nos jogos da Argentina, esses "torcedores experientes" vão saber agir e proteger os argentinos menos experientes. O UOL Esporte entrou em contato com Débora, mas ela não respondeu aos telefonemas.

Débora Hambo chegou a entrar com um processo contra o Secretário de Segurança da Argentina, Sergio Berni, por ele ter enviado ao governo brasileiro uma lista com informações sobre antecedentes criminais de barra bravos argentinos, em maio. Na ocasião, a advogada disse que o governo argentino "se esqueceu de que vivemos em uma República e violou todos os direitos desses cidadãos".

Ingressos sem nome

O diário Olé publicou nesta quarta-feira (4) reportagem que diz que mais de 7 mil ingressos para jogos da Argentina na Copa do Mundo chegaram ao país por vias não oficiais. Muitas em nome de empresas, mas outras em nome de pessoas físicas e algumas até sem nome, que chamaram a atenção das autoridades aduaneiras.

Os torcedores que compraram seus ingressos pelo site da Fifa, já receberam os bilhetes na semana passada, via a empresa privada de correio DHL. As entradas que agora estão paradas na aduana argentina foram enviadas pela empresa Valit Soluções e Servicios, localizada na rua Peter Lund, 146, no Rio de Janeiro.

Segundo o Olé, as autoridades argentinas pediram informações à tal empresa porque teme que parte dessas entradas sejam destinadas a barra bravas. A empresa enviou uma lista na qual aparecem 236 nomes, entre eles agências de turismo, a empresa World Eleven, que organiza amistosos na Argentina e outras era destinadas a marcas conhecidas como redes de telefonia, rede de lojas de eletrodomésticos.

Mas a lista continha também muitos nomes de pessoas que não registram atividades fiscais e, por isso, nem teriam condições de comprar esses ingressos. A polícia argentina vai investigar de perto quem serão as pessoas que irão buscar esses ingressos. As autoridades pretendem liberar devagar os bilhetes na aduana para acompanhar e investigar quem vai receber.

A Associação Argentina de Futebol (AFA) também deverá ficar sob investigação da polícia argentina porque ontem informou ao Ministério da Segurança a lista das 1.200 pessoas que receberam ingressos deles. Segundo o diário Olé, a AFA tinha dito que só tinha 700 ingressos para distribuir e o governo suspeita que eles receberam, na verdade, mais de 3.000.

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