Sindicatos querem protestar contra a Copa, mas sem incomodar a seleção
Gustavo Franceschini e Paulo Passos
Do UOL, em Goiânia
Os sindicatos de servidores municipais que estão em greve em Goiânia preparam, para esta terça, um protesto contra a Copa do Mundo a cerca de 1,5 km da seleção brasileira. O comando do movimento, porém, prevê um ato pacífico que, pelo horário, sequer encontrará os jogadores, que enfrentarão o Panamá em um amistoso às 16h.
"A gente não quer ir ao hotel da seleção. A ideia é se reunir e deliberar. Normalmente a gente anda pelo centro. A gente ainda teve o cuidado de falar com todo mundo [para evitar tumulto]", disse Fabrício Guimarães, membro do comando de greve, ao UOL Esporte.
Fabrício é professor da rede municipal, que está representado no movimento pelo Simsed (Sindicato Municipal dos Servidores de Educação de Goiânia), um dos vários órgãos que estão paralisados desde a semana passada na cidade. Nesta terça, todos estão convocados para o ato "Da Copa eu abro mão – Quero saúde, transporte e educação", que acontecerá às 14h, na Praça Cívica, em frente à sede do governo do Estado.
A praça fica a 17 minutos de caminhada do Castro's Park Hotel, onde a seleção está hospedada. A região é patrulhada ostensivamente por Polícia Militar e Exército justamente para que uma eventual manifestação não se aproxime do ônibus dos jogadores, como aconteceu na apresentação dos atletas no Rio de Janeiro, há pouco mais de uma semana.
"A gente espera o protesto nesta terça, na hora que a seleção estiver saindo do hotel", disse no domingo o tenente Janssen Nunes, um dos chefes da operação da Polícia Militar, já ciente do que teria pela frente.
Se os horários forem cumpridos, o encontro dificilmente ocorrerá. A seleção jogará no Serra Dourada contra o Panamá às 16h, e tem saída prevista do hotel às 14h. Dessa forma, portanto, o ônibus deixaria o local exatamente na mesma hora que os manifestantes se encontrarem para iniciar o ato.
"O pessoal acha que a gente é contra os jogadores, a seleção. Eu gosto de futebol. A gente só quer questionar a atenção que se dá à Copa em um país onde a educação e a saúde não tem o mesmo padrão Fifa", disse Fabricio Guimarães.
A pauta dos sindicatos é extensa, e vai desde as reclamações contra os gastos com a Copa do Mundo até pedidos mais específicos. O Simsed, por exemplo, pede reajuste retroativo de salários e gratificação para os auxiliares de atividades educativas, que não são reconhecidos como professores pela Prefeitura, principal alvo dos protestos.