Seleção ao pé do ouvido: Saiba quem é chamado de Paulo Nunes no treino
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Teresópolis (Rio de Janeiro)
Na Granja Comary, a seleção nunca está muito próxima, seja da imprensa, da torcida ou até dos gramados, já que a concentração em si fica no topo de morro, e os campos no vale logo abaixo dele. Como é, então, ver Neymar e companhia a menos de dez metros de distância? Nesta quinta, o treino físico comandado por Paulo Paixão deu essa chance aos repórteres que acompanham o dia-a-dia da seleção.
É como acompanhar, ao pé do ouvido, uma conversa da mesa ao lado. Todos tentam, em silêncio, ouvir o que falam os jogadores em um momento de descontração, nas situações de esforço e nas reações que a torcida provoca neles. Tudo isso aconteceu porque a caixa de areia onde foi o trabalho fica em uma área mais afastada do campo principal, próxima da grade que divide a Granja Comary do resto do condomínio – o que atraiu cerca de 20 curiosos e fã do time verde-amarelo.
O aquecimento da atividade foi uma espécie de futevôlei em que dez jogadores ficavam de cada lado. A parte principal, um circuito físico que extenuou o time inteiro. O "prólogo", uma nova partida, desta vez em duplas, com Neymar e Daniel Alves no comando.
Veja a seguir algumas curiosidades do treino da seleção:
Henrique, mas pode chamar de Paulo Nunes
Só que Henrique não era o único. O futevôlei improvisado também revelou que Hulk, para os colegas, é "Paraíba", referência ao estado natal do atacante. Hernanes, por sua vez, é chamado de "Profeta", apelido que já carrega desde tempos de São Paulo.
Seleção sofre no frio
"Tá ardendo meu pé", dizia o atacante quando recebia um saque no futevôlei, já com o pé descalço. Quando a chuva apertou, ele ainda colocou agasalho, luvas e gorro. "Vim para o Rio e tô em Paris", brincou Thiago Silva, depois do treino. Daniel Alves, de camiseta curta e shorts, sofreu o tempo inteiro, sempre de braços cruzados. A exceção foi Marcelo que, de chinelo, pareceu o tempo todo relaxado.
Paixão é preparador e mestre de bateria
"Vamo, vamo, vamo, vamo, vamo", "Corre Hernane [sic]", "Mais um pouco, David". Paixão não para de falar enquanto os jogadores correm em volta dele. Quando põe o apito na boca, assovia com ritmo, como que se pedisse para que os jogadores seguissem sua frequência.
Aparentemente, deu certo. Foram dez séries em que os atletas tinham de saltar e dar piques em direções diferentes. David Luiz, Thiago Silva e Luiz Gustavo estavam entre os mais cansados, aparentemente, ao fim da atividade. Marcelo foi quem se deu bem. Depois da sexta, o lateral pôde parar e só observar os companheiros.
Quem vai na grade?
"Deixa eu treinar e vou depois", disse Neymar. Felipão acenou ao jogador em aprovação e decidiu ir ele mesmo retribuir o carinho dos fãs. Quando a atividade de fato acabou, ele foi um dos poucos que, de fato, atenderam os fãs. Os primeiros a alegrarem a torcida foram David Luiz e Thiago Silva, que passaram cerca de 15 minutos colados na grade.
Paulinho seguiu os zagueiros mais escolheu um ponto mais afastado da grade, onde teve de atender menos pessoas. O expediente também foi utilizado por outros jogadores. Em um ponto da grade que não era visível para a imprensa, um grupo com três atletas foi tirar fotos com uma fã solitária, a tempo de voltarem para a área reservada sem sofrerem assédio.
Quando a maior parte do elenco já estava recolhida, Daniel Alves, Neymar, David Luiz,Thiago Silva, Dante e Hulk ficaram jogando futevôlei em duplas. Desse grupo, todos foram à grade.
Fred e Marcelo, os reis da "praia"
A ascendência de Fred sobre os demais é diferentes. Em um grupo com Neymar, Thiago Silva e outras estrelas, é frequente que ele puxe as "resenhas" antes de depois dos treinos. Quando Neymar tentou uma bicicleta e errou, foi ele quem apontou para o camisa 10 e fez todos darem risada. "Olha, que trairagem", provocou Marcelo.