Brasileiro da seleção croata quer cantar os dois hinos na abertura da Copa

Do UOL, em São Paulo

O brasileiro Eduardo da Silva já está se preparando para a experiência de enfrentar a seleção do próprio país na abertura da Copa do Mundo, no próximo dia 12 de junho. O jogador, que é naturalizado croata, disse em entrevista ao site da Fifa que quer cantar os hinos das duas nações antes da partida no Itaquerão, em São Paulo.

"Olha, sou brasileiro e não vou deixar de ser. Mas tenho um amor muito grande pela Croácia, um carinho enorme pelos torcedores e pelos companheiros de equipe. Acho que posso falar: meu sangue é brasileiro, mas meu coração, hoje, é croata. É um momento difícil, entende? Se eu tiver a oportunidade de cantar os dois hinos... acho que vou ficar dividido", disse Eduardo.

O jogador disse ainda que o Brasil é favorito ao título no Mundial, mas evitou fazer previsões sobre o duelo na abertura da competição.

"É difícil prever, prefiro não falar em resultado. O que dá para dizer é que a situação perfeita seria uma grande apresentação da Croácia. O Brasil é favorito para ganhar a Copa, não só este jogo, mas acho que a Croácia está se preparando muito bem e pode fazer uma grande partida, sim", disse.

O atacante, de 31 anos, vai disputar seu primeiro Mundial justamente no Brasil. Em 2006, ficou fora da convocação da Croácia por ser considerado jovem demais. Em 2010, a seleção croata não conseguiu uma vaga na Copa disputada na África do Sul. Agora, Eduardo terá a chance que tanto desejou. O jogador vive no país há 15 anos.

"Cheguei muito cedo na Croácia, construí devagar o meu caminho e passei por todas as seleções de base. Não foi algo recente ou que fiz pensando em jogar um dia uma Copa. Foi simplesmente uma opção e minha carreira acabou tomando esse rumo. Bom, no geral, posso dizer que continuo sendo brasileiro, mas que tenho um grande amor pela Croácia depois de 15 anos vivendo aqui e dez jogando pela seleção. Hoje, me sinto praticamente europeu e croata", afirmou o atacante.

Atualmente no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, Eduardo disse que o contato com os outros brasileiros do clube ajuda a manter o português em dia. O jogador afirmou que chegou a ficar muito tempo sem usar o idioma da terra natal.

"Sem dúvida. Se eu não estivesse lá, meu português estaria até pior do que é agora (risos). Lá eu procuro sempre estar com eles, conversar bastante, praticar. Porque fiquei praticamente 11 anos sem falar direito. No início, era muito difícil até para voltar para o Brasil. Cheguei a ficar dois anos e meio sem ver minha família, sem vir ao Brasil", disse.

Com mais tempo para contatar a família e os amigos hoje em dia, Eduardo falou sobre como será a torcida na Vila Kennedy, no Rio de Janeiro, seu bairro de origem, no confronto entre a seleção brasileira e o jogador.

"Olha, é difícil. Têm coisas que é melhor guardar segredo. Em relação aos amigos, muitos brincam, falam que o Brasil vai ganhar, mas que eu vou fazer o gol da Croácia. É mais ou menos assim que o pessoal está encarando", revelou.

A seleção da Croácia tem mais um brasileiro na lista de jogadores divulgada no começo de maio. O atacante Sammir, do Getafe, foi pré-convocado pelo técnico Nico Kovac e pode enfrentar seu país natal na abertura da Copa.

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