Todos querem ganhar com a Copa. Até camisinha tem modelo para o Mundial
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
A Fifa já anunciou que pretende ganhar cerca de US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 10 bilhões) com a realização da Copa do Mundo de 2014. Mas não é só a entidade que está de olho no dinheiro que o torneio movimentará. Empresas de todo tipo também querem lucrar com o evento. Por isso, já lançaram uma gama enorme de produtos que, de alguma forma, estão relacionados com o Mundial: de panela pipoqueira, passando por camisinha verde-amarela, até cueca divulgada por craque de seleção brasileira.
Boa parte desses produtos não é considerada "oficial" já que não recebeu a chancela da Fifa antes de entrar no mercado. Mesmo assim, exploram o "clima de Copa" e abusam de cores da bandeira nacional para atrair a atenção de torcedores brasileiros e de estrangeiros que estarão de passagem por aqui durante o Mundial (veja álbum acima).
Esse é o caso da edição limitada de preservativos da marca Prudence. As camisinhas lançadas três meses antes do início do Mundial são verde-amarelas e têm sabor caipirinha, bebida tipicamente nacional. Não fazem nenhum menção ao torneio de futebol organizado pela Fifa e, por isso, não precisam de autorização da entidade para serem postas à venda. Contudo, a DKT Brasil, fabricante do produto, aposta que o Mundial vai aumentar a comercialização do artigo.
A Lupo seguiu o mesmo raciocínio quando lançou uma cueca verde-amarela. Escalou Neymar para fazer propaganda da peça íntima, já visando a um aumento nas vendas na Copa.
Legal ou ilegal?
A Copa do Mundo é um tema polêmico no âmbito dos negócios. De acordo com a Lei Geral da Copa, só a Fifa e seus patrocinadores têm direito de explorar marcas oficiais do evento em produtos, publicidade ou promoções. Empresas que apropriarem-se das marcas sem a autorização da entidade máxima do futebol estão sujeitas a punição.
"As sanções podem ser aplicadas no âmbito civil, com pedidos de indenização por perdas e danos. Também no criminal, com detenção de três meses a um ano ou pagamento de multa", complementa a advogada Andreia de Andrade Gomes, sócia da área de Propriedade Intelectual de TozziniFreire Advogados.
Contudo, nem tudo que é feito pensando na Copa é proibido, lembra Luiz Felipe Santoro, sócio do Santoro, Almeida e Andries Advogados. Segundo ele, há muitos casos de empresas que se beneficiam do torneio sem infringir as leis. "A Fifa não pode impedir que uma empresa lance uma campanha incentivando pessoas a torcer. Também não é proibido vender um produto com as cores do Brasil na Copa", diz ele.
Fifa de olho
Ilegal ou não, fato é que a Fifa acompanha de perto o que é feito por empresas e tem certa relação com a Copa. Buscando proteger seus patrocinadores, que investiram milhões para ligar suas marcas ao maior torneio de futebol do mundo, a entidade máxima do futebol mantém uma equipe dedicada exclusivamente ao monitoramento de irregularidades e pirataria.
Procurada pelo UOL Esporte, a entidade ratificou que, em casos graves, pode acionar a Justiça em busca de reparação. "Onde há uma clara intenção de 'pegar uma carona' no fundo de comércio do evento, a Fifa pode adotar medidas legais para impedir uma situação de violação e reivindicar uma compensação financeira pelos danos sofridos . No entanto, a Fifa não vai recorrer a tal ação legal sem uma análise aprofundada da intenção, escala e impacto comercial do assunto", declarou.