Funk, samba, sertanejo? Artistas "disputam" vaga de música-tema da seleção
Patrick Mesquita
Do UOL, em São Paulo
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Arte/UOL
Músicas para a Copa são lançadas por artistas dos mais variados estilos musicais
Samba, sertanejo ou funk? Qual ritmo deve embalar a campanha do Brasil na busca pelo hexa? A proximidade da Copa do Mundo acirrou a "disputa" para uma das últimas vagas na seleção brasileira: a de música-tema do time comandado por Luiz Felipe Scolari.
Como já é costume, seleção e torcida sempre adotam um "hino extraoficial" para servir de incentivo ao longo da disputa do torneio. Assim, diversos artistas renomados investiram em canções que exploram a relação entre futebol, força, raça, fé e alegria.
O último a dar sorte para a equipe verde e amarela foi Zeca Pagodinho. Em 2002, o hit "Deixa a Vida me Levar" caiu na boca do povo e foi cantada a plenos pulmões pelos atletas que conquistaram o penta. Agora, o cantor tem a oportunidade de repetir o sucesso. No fim de abril, ele gravou "Filhos de Vera Cruz", samba integrante do CD "Festa Brasil", lançado pela Universal.
No entanto, um nome do samba que surge com força é Thiaguinho. Um dos favoritos dos boleiros da nova geração, o ex-vocalista do Exaltasamba já estourou nas paradas musicais com "Ousadia e Alegria", gravada para o amigo e astro da seleção Neymar. Só que agora ele pode emplacar um novo hit. Recentemente, ele recebeu um convite da Nike e fez uma parceria com o rapper Emicida para o lançamento da faixa "Força, Raça e Fé", criada especialmente para o torneio.
"Há alguns dias atrás lancei "Força, Raça e Fé". A ideia de fazer uma música dedicada a Copa surgiu com o lançamento da camisa oficial que a seleção usará. Eu fui convidado pela Nike pra lançar e fiz essa música com o Emicida. Já o conhecia, mas nunca tínhamos composto algo juntos. Procuramos colocar palavras e frases que sirvam de incentivo para os jogadores antes deles entrarem em campo e palavras que demonstram o espírito do brasileiro! Força, raça e fé são características marcantes do nosso povo", disse em entrevista ao UOL Esporte.
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- http://esporte.uol.com.br/enquetes/2014/05/16/qual-deve-ser-a-musica-tema-da-selecao.js
Thiaguinho acredita que a paixão dos jogadores pelo samba e pagode é algo natural, o que colabora para a escolha de uma música-tema. Só que ele descarta a existência de uma fórmula para emplacar um hit ou que sua amizade com Neymar o favoreça de alguma forma na disputa.
"Existe uma tendência natural de ser um samba pelo gosto dos jogadores. 90% dos jogadores são pagodeiros e isso é um reflexo do nosso país também, que ama pagode e acaba ligando com o futebol. De maneira alguma. Isso tem que partir dos jogadores! Eles que escolhem a música que mais os identifica. Agora está na mão do povo! Se eles usarem a música como motivadora, ficarei feliz demais", destaca.
Porém, um ritmo diferente pode roubar a cena em 2014 e "desbancar" o samba. Pela primeira vez o funk pode ser o tema da seleção brasileira. O responsável por isso? Mc Guime. Ícone do funk ostentação, o cantor virou um verdadeiro fenômeno com a música "País do Futebol", que cita Neymar na letra e também conta com participação de Emicida.
Para ter uma ideia do sucesso, o clipe oficial já ultrapassou a marca de 22 milhões de visualizações e o que não faltam são comentários de que a música já é a escolhida do povo para a competição. Além disso, a composição foi escolhida para a abertura da novela da Globo "Geração Brasil".
"Sempre imaginamos que seria uma música voltada para o ano do futebol no Brasil. Lançamos ela em novembro e vem crescendo bastante. Mas quando resolvi gravar essa música era mais pelo fato de homenagear um cara que admiro e que criei uma amizade muito legal: o Neymar. Mas foi uma música que veio crescendo naturalmente sim, pela letra e ritmo que muita gente se identifica", afirma.
Ao contrário de suas letras, que falam de camarotes e carros de luxo, Guime demonstra humildade ao comentar a possibilidade de ver sua música como tema da seleção e até sonha com a possibilidade de ver Felipão dançando no vestiário.
"Sem dúvidas será uma experiência inesquecível, como a de uma convocação sim. Que artista não sonha com isso, né? O Felipão dançando seria muito engraçado, mas se os jogadores dançarem já estarei bem feliz", brinca.
Guime também demonstra felicidade com o fato de ver o funk bem cotado entre os jogadores. Assim, ser dono da música-tema do Brasil na Copa seria a consagração do estilo, que ainda sofre resistência por conta de suas letras.
"O funk é um estilo totalmente brasileiro, somos os criadores desse segmento, assim como somos o país do futebol. Nossa música já vem rompendo barreiras, o preconceito já diminuiu muito, pois as letras são mais bacanas, atingindo todos os públicos, mas ainda há quem resista ao estilo", conta.
Por falar em popularidade de estilo musical, o sertanejo também tem um representante de peso e conta com a preferência de uma pessoa influente na seleção brasileira: Carlos Alberto Parreira. O coordenador técnico do Brasil elogiou a música "Guerreiro", da dupla Victor & Leo, e já cogitou um "lobby" para que ela seja a escolhida.
A canção, que conta com a participação dos também sertanejos Jorge & Mateus, já é tema da Globo para o Campeonato Brasileiro e pode chegar ainda mais longe. Mas nada de competição, para Victor & Leo trata-se de uma expressão única e sem o intuito de competir com outros estilos.
"Um elogio do Parreira é honra a quem recebe. Por certo, ficamos felizes, principalmente por ele já ter uma história de feeling com relação a temas musicais no futebol. E ele tinha razão antecipada. Ela se tornou tema do Brasileirão 2014. Sinceramente, não vejo como uma disputa. Vejo como uma forma de cada um expressar sua emoção para com o evento. Expressamos a nossa como sendo única e cada um deve ter feito o mesmo. O resto é com o público e a sensação que lhes for mais intensa", destaca Victor Chaves.
"Claro que de certa forma a Copa no Brasil serviu de inspiração, mas a música não fala da Seleção Brasileira e nem da Copa. Ela fala de futebol, mas foi inspirada no esporte em geral. Seria ótimo a música ser tema da Copa. A questão de desbancar outros gêneros musicais é irrelevante! O bairrismo é algo que não cabe na arte", analisa Leo Chaves.