Brasil pode disputar Copa do Mundo em casa com renovação histórica
Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo
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Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Seleção brasileira atual mudou bastante; Thiago Silva e Júlio César são remanescentes de 2010
O Brasil que perdeu da Holanda na África do Sul será bem diferente daquele que disputará a Copa do Mundo em casa a partir do dia 12 de junho. Na verdade, a seleção que Felipão divulgará nesta quarta-feira pode mudar a ponto de bater um recorde. Com a maior parte da lista já fechada, o técnico pode promover a maior renovação desde 1950.
Em toda a sua história em Copas do Mundo, o Brasil só repetiu menos de cinco jogadores de uma edição para a outra em duas oportunidades, ambas na "pré-história" da competição. Em 1934 o elenco foi totalmente reformulado em relação àquele de quatro anos antes, quando a seleção foi afetada por um racha entre Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1938, Leônidas da Silva e mais três tiveram a chance de jogar a segunda Copa seguida.
A partir de 1950, a história mudou. Desde então, o Brasil levou pelo menos cinco jogadores da Copa anterior em todas as edições. O número mínimo foi em 1958, com Castilho, Djalma Santos, Nilton Santos, Mauro e Didi; e em 1978, com Leão, Dirceu, Nelinho, Waldir Peres e Rivellino. O recorde de repetições foi em 1962, quando 14 dos 22 atletas do elenco buscavam o bicampeonato.
Entre as certezas da lista de Felipão estão somente quatro jogadores que foram à África do Sul há quatro anos: Júlio César, Thiago Silva, Daniel Alves e Ramires. Exceção feita ao lateral do Barcelona, os demais já foram até confirmados pelo treinador em uma palestra que ele deu duas semanas atrás na Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo.
O restante da convocação, porém, não deve guardar muitos veteranos de Dunga. Jefferson, com Victor ou Diego Cavalieri, são os candidatos a reserva de Júlio César. Nas laterais, além de Daniel Alves, Marcelo está garantido, com David Luiz e Dante firmes no miolo da zaga. No meio, Luiz Gustavo, Paulinho, Oscar e Willian se juntariam a Ramires. Neymar, Hulk, Bernard e Fred completam a lista de certezas de Felipão. Nenhum deles jogou a Copa de 2010.
Entre aqueles que estão na briga, só Robinho e Maicon podem emendar o segundo Mundial seguido. O primeiro briga com Rafinha pela reserva de Daniel Alves, enquanto o ex-santista é uma das possibilidades de Felipão para o meio-campo ou o ataque, dependendo das possibilidades de Felipão. Destaques da última Copa, como Kaká, Lúcio, Juan e Luís Fabiano, hoje estão longe de serem lembrados, assim como coadjuvantes do naipe de Gilberto Silva, Felipe Melo e Elano.
"Em 2010 já se pedia Neymar e Ganso na seleção. Pela chegada do Mano, foi natural a chegada de jogadores com uma idade pré-olímpica. Com o Felipão, essa seleção ganhou força, carisma, ganhou o público e coroou o processo de renovação. Acho que era normal a renovação", explicou o lateral Gilberto, que foi à África com Dunga e já havia estado na Alemanha quatro anos antes, com Carlos Alberto Parreira.
A necessidade de mudança, de fato, era premente. Um dia depois da eliminação para a Holanda, em 2010, renovação era a palavra de ordem de Ricardo Teixeira, então presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), ao avaliar a seleção brasileira.
"Não tem outro trabalho a ser feito que não seja o de renovação, principalmente por conta da sequência de torneios importantes que vamos ter. Nessa Copa, a Alemanha tem nove jogadores de até 23 anos, Gana tem 11, Argentina sete e a Espanha seis. Nós tivemos apenas um [o volante Ramires]", disse o cartola ao Sportv, em uma de suas raras falas sobre futebol.
O trabalho começou com Mano, que em sua primeira convocação também só levou quatro remanescentes de Dunga. Não por acaso, as escolhas dele foram bem parecidas com aquelas que Felipão deve fazer. Na vitória sobre os Estados Unidos que inaugurou o seu trabalho, o hoje técnico do Corinthians escalou Thiago Silva, Daniel Alves, Ramires e Robinho, ao lado de Júlio César e Maicon, justamente aqueles que seguem com chances.
A convocação de Felipão será divulgada nesta quarta, a partir das 11h30. O técnico precisa entregar uma lista de 30 nomes para a Fifa até dia 13 de maio, com 23 nomes que comporão o elenco e sete suplentes, que podem ser chamados até 3 de junho em caso de lesão. O técnico, porém, não pretende abrir essa lista reserva.
O evento, que ocorrerá no Rio de Janeiro, terá transmissão ao vivo do UOL Esporte, com comentários de Juca Kfouri e Vitor Birner.