A maior preocupação quanto à mobilidade na Copa do Mundo é em relação aos aeroportos, mas o que deve mesmo bombar durante o Mundial são as rodoviárias. A expectativa é que o número de viagens iguale ou até ultrapasse janeiro, o melhor mês do ano, e suba 40% durante o evento.

O pico de passageiros deve ser no feriado de Corpus Christi, entre 19 e 22 de junho. Os empresários do setor projetam maior crescimento no Nordeste com torcedores visitando pontos turísticos nos intervalos entre os jogo. Também ajuda no movimento ser época de férias escolares.

Não que as rodoviárias terão aquele amontoado de gente e malas visto no Natal. Vai ser diferente porque não haverá concentração numa data: a procura será contínua e diluída por um período, explica Paulo Anselmo, gerente de vendas da Gontijo. "Por isso que a comparação com um mês é mais adequada".

Na empresa, que ainda controla a Viação São Geraldo, o otimismo é tanto que as férias foram antecipadas. A previsão é de aumento de pelo menos 30% no número de passageiros. "No dia de jogo do Brasil ninguém viaja, mas sim na véspera". Para atender a procura por passagens, a empresa se prepara para aumentar em até cinco vezes a oferta de ônibus determinadas linhas.

Somente no trecho entre Belo Horizonte e São Paulo, distantes 586 quilômetros, estão previstos 30 saídas, aumento de 275% em relação a um dia normal. O planejamento prevê que durante a Copa os ônibus serão escolhidos por torcedores com viagens de até 800 quilômetros, conta Paulo Anselmo. "São passageiros que viajam à noite para não pagar avião e que economizam hotel".

Atendendo Sudeste, Centro-Oeste e, principalmente, o Nordeste, ele acredita que nos intervalos entre os jogos as pessoas devem visitar pontos turísticos das cidades-sede como o interior mineiro e suas igrejas históricas e as praias nordestinas.

O otimismo com o Mundial é repartido pelo Grupo Guanabara, que tem seis empresas de ônibus e opera 800 linhas a cada dia. Durante a Copa serão 1120 viagens, crescimento de 40%. Diretora de Marketing da Util e porta-voz de outras quatro integrantes do grupo, Rudimila Borges diz que as empresas se preparam para um período aquecido no setor. "Em janeiro a média de passageiros é 30% maior que o restante do ano. Na Copa haverá períodos em que a demanda vai ultrapassar janeiro em 10%", resume.

Ela conta que a quinta-feira de Corpus Christi, em 19 de junho, deve ser o dia mais movimentado neste período. As viagens para cidades do interior também estão entre as apostas e a diretora lembra que nestes destinos não há concorrência com a aviação.

As vendas para o período da Copa já começaram e estão indo bem. Rudimila diz que o normal é 15% das passagens serem comercializadas com 30 dias de antecedência. Ocorre que no período do Mundial este percentual foi atingido dois meses antes das datas das viagens. Ela declara que a maioria das compras foi feita por estrangeiros que não podem deixar para resolver tudo na última hora. Os brasileiros são mais acostumados a adquirir as passagens próximo a data de embargue.

Rodrigo Mont'alverne é gerente de Marketing da Expresso Guanabara, a sexta empresa do grupo e que atua no Norte e Nordeste. Ele diz que além de férias e Copa haverá a festa junina, período mais quente que o Carnaval no Ceará e Paraíba, e por isso está preparando a companhia para operar com uma oferta até seis vezes superior a de dias normais. A expectativa é de muito movimento nas ligações entre municípios nordestinos e Belém para as quatro cidades-sede da região Nordeste.

Muitos mexicanos são aguardados porque é um país de apaixonados por futebol e que jogará em Fortaleza, Natal e Recife. A crença é que nos intervalos de seis dias entre as partidas os torcedores façam turismo pela região.

A Cometa, tradicional empresa que atual no Sudeste, prevê um aumento de 40% nas linhas que tenha São Paulo e Rio de Janeiro como destino ou origem. Belo Horizonte vai contar com mais 25% de ônibus. A abertura de horários extras ocorrerá conforme o avanço das seleções e o local onde jogarão.