Jornal inglês questiona operação militar na Maré para salvar a Copa no Rio

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/The Guadian

    Jornal inglês questiona operação no complexo da Maté enquanto outras favelas têm problemas com violência

    Jornal inglês questiona operação no complexo da Maté enquanto outras favelas têm problemas com violência

A decisão do governo de invadir o complexo da Maré com o simples objetivo de ocupar uma zona entre o centro do Rio de Janeiro e o aeroporto internacional do Galeão, onde chegarão a maioria dos turistas durante a Copa do Mundo, recebeu destaque na edição desta terça-feira do jornal inglês The Guardian. 

A publicação analisa que apesar dos problemas que a cidade vem enfrentando com violência em outras favelas já ocupadas e com bases da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), as lideranças do Estado resolveram focar em uma operação que não seria prioridade, mas que se torna importante para evitar problemas durante a Copa do Mundo. "Por que, então, o governo está determinado em ocupar a Maré e não lugares que vêm sendo cenários de conflito?", questiona o jornal. 
 
A reportagem admite que o o complexo, com 130 mil moradores espalhados por 16 favelas, é base de pelo menos três facções do crime organizado e que em algum momento uma operação deste tipo teria que acontecer para a retomada de poder por parte do Estado. Porém, com tantos problemas em outras zonas da cidade, o momento estaria sendo utilizado na verdade para validar a invasão de um ponto ponto estratégico para evitar problemas durante a Copa do Mundo ao invés de manter o foco onde a polícia está sofrendo ataques. 
 
"Eles estão usando o atual momento como um pretexto para uma militarização sem precedentes da Maré permitindo a eles o controle máximo por um período 'indefinido' antes de que uma UPP seja instalada. Ou pelo menos enquanto eles precisarem para que a Copa do Mundo aconteça sem problemas", analisa. 
 
Assim, novamente segundo o The Guardian, o governo brasileiro estaria criando um estado de exceção durante o torneio, sem necessariamente seguir as prioridades do programa de UPPs, adotado desde 2008 como modelo pelo Estado do Rio de Janeiro. 
 

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