"Bando de derrotados" para ministro, rival do Brasil vive crise constante

Paulo Passos

Do UOL, em Johannesburgo (África do Sul)

Uma vitória contra a Espanha no último amistoso, em novembro, no Soccer City, não foi suficiente para abafar o que vem sendo rotina na vida da seleção da África do Sul, rival do Brasil, nesta quarta-feira, às 14h. O jogo no Soccer City, terá acompanhamento por tempo real pelo Placar UOL. O país mais rico do continente e com milhares de fãs de futebol tem os Bafana Bafana, como o time é chamado, como vergonha nacional.

A eliminação no Campeonato Africano de Nações, versão light da Copa Africana, onde apenas jogadores que atuam em clubes do continente podem ser convocados, gerou uma crise diplomática entre a equipe e o governo.  

"O que vi não foi um problema de treinador, o que vi foi um bando de derrotados", afirmou Fikile Mbalulua, ministro do Esporte da África do Sul, após a equipe nacional perder para Nigéria, por 3 a 1, na Cidade do Cabo, em janeiro. A derrota eliminou o time na primeira fase do torneio africano. "Acho que esses jogadores não acordariam nem se Nelson Mandela estive aqui", ironizou.

As declaração geraram polêmica no pais, mas o ministro não retirou o que disse nem pediu desculpas. No último sábado, ele esteve no hotel onde os jogadores que enfrentarão o Brasil estão concentrados.

"Estou aqui para encorajar vocês para fazerem o melhor e acho que esse é o time mais representativo dos Bafana Bafana", afirmou Mbalulua ao site oficial da federação sul-africana de futebol.

A opinião de que a seleção local é um desastre é compartilhada por muitos no país. A África do Sul está na posição 64 posição no ranking e não conseguiu se se classificar para a Copa do Mundo deste ano.

Durante entrevista coletiva, na última segunda-feira, Carlos Alberto Parreira, técnico da África do Sul na última Copa do Mundo, ouviu mais de uma dezena de perguntas dos jornalistas locais sobre como o futebol local poderia evoluir.  

"Não sei quantos seria o ideal, mas cinco estrangeiros por equipe na liga local é muito. Isso atrapalha o desenvolvimento de jogadores locais. Eu falei isso, o Carlos Queiroz (técnico português que treinou a seleção sul-africana) que passou aqui falou isso, mas os problemas continuam", afirmou Parreira.

Durante sua estada na África do Sul, Parreira defendia que o poder econômico dos clubes locais, que contratavam muitos estrangeiros, atrapalhava a formação de novos jogadores do país.

Após a saída de Parreira, os Bafana Bafana já tiveram outros três técnicos. Trocar o comando do time é rotina no futebol local. Desde  1992, quando a Fifa voltou a disputar competições da Fifa, após o fim do Apartheid, regime de segregação racial que vigorou por 30 anos na África do Sul, a seleção local teve 22 técnicos. A média é de um por ano.  

O atual treinador, Gordon Igesund, está no cargo desde 2012 e vive na corda bamba. Seu contrato termina em junho, mas os dirigentes locais já anunciaram que sua permanência será decidida após o jogo contra a seleção brasileira. 

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