Enquanto governos e prefeituras discutem com a Fifa como reduzir o custo da Copa do Mundo de 2014 para o Poder Público, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, resolveu "inovar". Além de arcar com projetos de infraestrutura necessários para o Mundial, Paes decidiu bancar até o que não é essencial para o torneio. Assim, autorizou a prefeitura a pagar, com dinheiro público, parte de um estúdio de televisão que será usado por emissoras de TV que cobrirão a Copa.

O estúdio será montado na praia de Copacabana, a mais de 10 quilômetros do Maracanã, estádio da Copa no Rio. Ficará em frente à orla, na altura da rua Joaquim Nabuco, bem perto de onde fica o Forte de Copacabana. Só pelo aluguel e montagem da estrutura metálica e da cobertura do estúdio, a prefeitura vai gastar R$ 3,8 milhões.

A obra da estrutura do estúdio é uma responsabilidade da Rio Eventos, empresa municipal encarregada da organização das grandes festas e celebrações da cidade. A companhia pública já determinou a realização de uma licitação para a empreitada. A MVD Losberg Estruturas e venceu a concorrência e será a responsável pela execução do projeto.

Apesar de o estúdio ser construído com o aporte de recursos públicos, não será a prefeitura quem definirá quem usará a estrutura. Segundo a própria Rio Eventos, quem definirá quem poderá se beneficiar do investimento municipal será a Fifa, que controla o credenciamento e a venda dos direitos de transmissão do Mundial de 2014. A Rio Eventos informou também que será a Fifa quem montará o restante do estúdio.

A entidade foi procurada pelo UOL Esporte para fornecer informações sobre a utilização do equipamento. Declarou que está "finalizando os detalhes do projeto" e, por isso, não faria comentários a respeito dele neste momento.

A Fifa cobra de emissoras de televisão o direito de transmitir partidas da Copa do Mundo. Só no Mundial no Brasil, a venda desses direitos vai render US$ 2,2 bilhões à entidade (mais de R$ 5 bilhões no câmbio de hoje). A Copa de 2014 toda gerará ganhos de US$ 4 bilhões (mais de R$ 9 bilhões).

A TV Globo é a empresa nacional detentora dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Questionada sobre a utilização do estúdio montado com o aporte de dinheiro público em Copacabana, a emissora respondeu: "os locais externos das nossas transmissões ainda não estão fechados".

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O investimento público em um estúdio de televisão não faz parte das exigências da Fifa para que uma cidade possa receber jogos da Copa do Mundo. Tudo o que uma sede precisa prover está especificado em um contrato padrão, firmado pela entidade máxima do futebol com as administrações locais.

Ajuda na organização dos chamados Fan Fests, eventos para a exibições públicas de jogos da Copa, é obrigação da prefeitura, segundo o contrato. Para a realização do Fan Fest, contudo, o prefeito Eduardo Paes tem sido duro em negociações com a Fifa. Tanto é que ainda não confirmou se o Rio terá uma festa oficial da Copa.

Já quanto à montagem do estúdio de TV, a prefeitura adotou postura diferente. Em nota, a Rio Evento justificou os investimentos nos equipamentos dizendo que vão consolidar o Rio como o "coração da Copa".

"A presença desses estúdios na praia de Copacabana faz com que a cidade seja utilizada como o principal plano de fundo da Copa. O tempo de exposição da imagem do Rio também é de ordem de grandeza inestimável", declarou. "Para a prefeitura, receber essas emissoras é mais uma medida de grande importância adotada pela cidade e que transforma o Rio no coração da Copa."

Vale ressaltar que o Rio de Janeiro já foi escolhido como sede do centro internacional de transmissão da Copa, que ficará no Riocentro, zona oeste do Rio. Cerca de 15 mil profissionais de mídia trabalharão no local, no qual a prefeitura não investiu nada.