Pela 1ª vez desde 98, seleção deve jogar a Copa sem campeão do mundo
Paulo Passos
Do UOL, em São Paulo
A seleção brasileira que enfrentará sua maior pressão desde 1950, ano do primeiro Mundial disputado no país, não deverá ter em campo na Copa deste ano um jogador com a experiência de ter sido campeão mundial de futebol.
Pelo que indicou com a ausência de Kaká na convocação para o último teste, o amistoso contra a África do Sul, Luiz Felipe Scolari não chamará para a Copa do Mundo nenhum atleta que já levantou a taça mais importante do futebol. Os únicos membros da delegação que já venceram a competição provavelmente serão o próprio Felipão, campeão em 2002, e o coordenador Carlos Alberto Parreira, campeão em 1994.
Desde 1998, na França, o Brasil sempre viajou para a Copa com jogadores campeões do mundo com a seleção no elenco. Em 2006, chegou a ter atletas com dois títulos: Cafu e Ronaldo. A última vez que jogou sem um atleta com título no currículo foi em 1994, quando a seleção vivia um jejum de 24 anos sem conquistas de Copa.
Na comissão técnica da seleção, a falta de jogadores com mais experiência em Copa não é vista com receio. Carlos Alberto Parreira, atual coordenador técnico, que foi treinador em 1994 e 2006, até vê isso com bons olhos. Ao comparar o time de 2006 com o atual, ele citou a falta de títulos na carreira como algo positivo, que dá mais vontade aos jogadores.
"É uma coisa subjetiva. Não é que tenha faltado vontade (em 2006). Mas eram jogadores que já estavam de barriga cheia. Agora é diferente. É só você ver que não temos nenhum campeão [mundial] no time atual. Você perde experiência, mas chega com muito mais "hungry" (fome)", explicou Parreira.
Kaká e Ronaldinho Gaúcho foram os únicos campeões testados por Felipão na atual passagem do técnico pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Mas a dupla perdeu espaço, não foi chamada para a Copa das Confederações e para nenhum amistoso depois do título.
Além dos dois, outros sete pentacampeões ainda estão em atividade no futebol: Dida, no Internacional, Rogério Ceni, no São Paulo, Lúcio, no Palmeiras, Rivaldo, no Mogi Mirim, Kléberson, do Philadelphia Union, Gilberto Silva, do Atlético Mineiro, e Anderson Polga, que está sem clube.