Psicóloga fará perfil de jogadores para dosar cobrança de Felipão na Copa

Renan Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

O técnico Luiz Felipe Scolari repetirá uma estratégia que deu certo em 2002 para tentar conquistar a Copa do Mundo no Brasil. O treinador da seleção brasileira revelou nesta quarta-feira, no Footecon – fórum sobre futebol realizado no Rio de Janeiro -, que os jogadores convocações serão avaliados pela psicóloga Regina Brandão, que trabalhou junto do gaúcho na conquista do pentacampeonato.

Os atletas responderão vários questionários sigilosos – somente a psicóloga e Felipão terão acesso – para que o técnico saiba dosar a cobrança em personalidades distintas. De acordo com o comandante da seleção, os exercícios também definirão líderes no elenco e  como resolver situações ruins em uma emergência.

"A Regina Brandão fará os exames psicológicos, vai traçar o perfil de cada um dos selecionados. Com o conhecimento de cada indivíduo, queremos erra o menos possível. As informações darão a idéia de como conversar com cada um, como o grupo precisa ser monitorado e cobrado", disse Felipão.

O técnico da seleção brasileira realiza trabalhos com Regina desde 1993, quando ele era treinador do Grêmio. Ela auxiliará Felipão com a pressão pelo sucesso na Copa realizada no Brasil. Na palestra do treinador no Footecon, slides mostravam a programação sempre levando em conta a presença da seleção na final, com detalhes de treinos entre a primeira fase e a decisão. O próprio treinador reforçou o discurso extremamente confiante.

"Se você perguntar se alguém quer ser segundo, ninguém quer ser. Nós temos um elenco muito qualificado, não posso pensar em outro resultado que não seja o título. Nós vamos ser campeões, eu posso garantir", disse o técnico da seleção.

Resistência em Portugal
A psicóloga também acompanhou o treinador em outras seleções. Em 2004, antes da Eurocopa realizada em Portugal, Brandão encontrou resistência para analisar os jogadores da seleção local. Nuno Gomes foi escolhido como capitão, com Cristiano Ronaldo como vice. Portugal ficou com o vice-campeonato, perdendo a final para a Grécia.

"Os jogadores estão muito mais receptivos, é mais fácil. Quando trabalhamos em Portugal, muitos jogadores consagrados, mais experientes, não queriam realizar o teste, não gostaram", disse o auxiliar técnico Flávio Murtosa, que acompanha Felipão há 30 anos.

Ajuda em 2002
A presença da psicóloga na Copa do Mundo de 2002, na Coreia do Sul e Japão auxiliou o treinador durante um momento de crise. O volante Emerson, que seria capitão e titular da equipe, sofreu uma lesão no ombro dias antes da estreia do Brasil no torneio. Brandão ajudou na escolha de Cafu como líder substituto, mas numa organização diferente.

"Eu fiquei preocupado e perguntei a Regina 'o que eu faço?'. Ela explicou que, pela análise psicológica, o melhor era nomear um capitão e um grupo de líderes. Escolhi o Cafu por ser experiente, ter sido campeão, e o Roberto Carlos como vice-capitão por ser 'boca grande'", disse Felipão, que completou.

"Ai peguei e juntei o Roque Júnior, pois é um cara culto, inteligente, líder nato. O Ronaldo pela qualidade técnica extrema e o Rivaldo, que não falava nada (risos). Nas dificuldades, reunia os cinco e eles falavam com o grupo, não falava diretamente com os 23".

A influência da psicóloga esteve presente na Copa das Confederações. Durante conversas com Brandão, o treinador da seleção brasileira teve a ideia de escrever uma carta de próprio punho aos jogadores antes da decisão no estádio Maracanã.

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