Clichês e inglês escasso em apresentações de sedes desagradam mídia gringa

Bruno Freitas

Do UOL, na Costa do Sauipe

  • AFP PHOTO/VANDERLEI ALMEIDA

    Mídia internacional encontrou dificuldades para entender as apresentações

    Mídia internacional encontrou dificuldades para entender as apresentações

As 12 sedes da Copa no Brasil tiveram oportunidade preciosa de se apresentarem para a imprensa internacional na Costa do Sauípe, na última quarta-feira, dois dias antes do sorteio do Mundial. Mas um festival de clichês de difícil tradução e a falta de esforço de se dirigirem aos estrangeiros em inglês acabaram comprometendo a compreensão coletiva.

Diante da imprensa estrangeira presente no evento da Fifa na Bahia, as 12 sedes tiveram apresentações breves, em ordem alfabética. Em geral, depois da explanação de um ou mais representantes, um vídeo institucional sobre a cidade em questão era exibido.

A comunicação em inglês esteve presente em raros momentos. Recife usou a língua mais usada no mundo para o seu vídeo, já Rio de Janeiro e Salvador adotaram legendas no idioma.

"Acho que poderia ter mais coisa em inglês. Alguns companheiros da imprensa britânica de vez em quando perguntavam: 'o que foi isso, o que ele disse?'" , afirmou Christopher Wright, jornalista inglês da agência AFP.

A maioria das sedes turbinou a apresentação técnica de estrutura para a Copa com referências regionais bastante conhecidas internamente. No entanto, algumas das menções acabaram se perdendo na dificuldade de tradução de determinados conceitos.

Uma sequência de fotos em uma das apresentações, em trecho exagerado de regionalismo, motivou comentários jocosos de um grupo de estrangeiros.

"Confesso que não consegui prestar muita atenção", disse Masahiro Shibata, repórter japonês do jornal The Asahi Shinbum, que já visitou algumas sedes.

Um dos momentos que gerou compreensão truncada aconteceu quando Natal exibiu um vídeo institucional em forma de trailer de filme, em uma sacada divertida, mas complicada de transmitir além do português.


Ainda entre as referências que lutaram para vencer a barreira da língua, Fortaleza citou a vocação local para a formação de comediantes, enquanto Belo Horizonte exaltou seu pão de queijo. Manaus levou uma estrela conhecida da festa amazonense de Parintins, e Salvador citou o "gosto do dendê". Já os gaúchos apelaram para uma menção mais internacional, com a modelo Gisele Bündchen.

"Deram mais detalhes sobre a ideia cultural de cada sede. Acho que existiu um esforço para passar a questão da diversidade cultural na mensagem. Em Salvador, por exemplo, houve uma ênfase na ligação com o continente africano. Já em Porto Alegre é bem diferente disso", comentou Christopher Wright, da AFP.

A saia justa ficou por conta da apresentação de Curitiba. O representante da sede não pôde comparecer, e a mídia internacional acabou conhecendo melhor a sede somente por meio de um vídeo institucional. Segundo o blog do jornalista Ricardo Perrone, a capital paranaense decidiu abortar a viagem de seu representante para economizar R$ 4 mil.

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