Sindicato atribui acidente a falha humana e critica pressa no Itaquerão

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

O presidente do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo), Antonio de Sousa Ramalho, reforçou nesta segunda-feira críticas à Odebrecht, empresa responsável pela construção do Itaquerão. O dirigente do Sindicato crê que o acidente que matou dois funcionários aconteceu devido a falha humana, resultado de um trabalho realizado supostamente em meio a inúmeras irregularidades.

Antonio Ramalho também é deputado estadual pelo PSDB. O presidente do Sintracon acusa a Odebrecht de aplicar intensa carga de trabalho aos funcionários no Itaquerão.

"O acidente aconteceu por falha humana causada pela pressa da Odebrecht. A pressa é inimiga da perfeição. Todos vocês sabem que a Fifa pressionava muito. Eles trabalham de domingo a domingo, em três escalas", contestou.

Em nota oficial enviada ao UOL Esporte nesta segunda-feira, a empreiteira e o Corinthians rebatem as colocações de Ramalho. O consórcio ressalta, em primeiro lugar, que o sindicalista não representa os trabalhadores da obra do Itaquerão - quem faz esse papel, segundo a Odebrecht, é a Sintrapav-SP (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, Infraestrutura e Afins de São Paulo).
 
A empreiteira também critica Ramalho por declarações sobre o acidente que, segundo a empresa, apenas a perícia pode fazer, como a avaliação se houve ou não falha humana. Também descarta que tenha havido pressa para a finalização da operação. A Odebrecht afirma que a operação que "causou o acidente era a 38ª realizada pela mesma equipe, sempre com planejamento e seguindo com rigor os procedimentos de segurança".
 
Odebrecht e Corinthians afirmam, no comunicado, que a operação com o guindaste foi planejada por cinco dias "até que a equipe considerou ter todas as condições favoráveis para realizá-la". A empreiteira também refuta as afirmações sobre a jornada de trabalho na obra. A empresa afirma que os "trabalhos são realizados com folgas aos domingos e em apenas um turno para 98% dos operários".
 
Os trabalhos no estádio foram retomados nesta segunda-feira. Os funcionários presentes formaram um cordão em torno do local da tragédia e rezaram em homenagem aos dois mortos na tragédia –Fábio Pereira, 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos. O trecho onde houve o desabamento de peça metálica segue interditado por tempo indeterminado.
 
O presidente do Sindicato informou na quinta-feira que recebeu denúncia de um técnico de segurança que trabalha no Itaquerão. O suposto relatório recebido era de que a Odebrecht ignorou alerta dado horas antes do acidente. A empreiteira prontamente negou que tenha havido um aviso de risco de queda da peça metálica, rebatendo versão do Sindicato, e voltou a fazê-lo nesta segunda-feira.
 
Ramalho informou nesta segunda-feira que não conseguiu mais contato com o suposto denunciante. "Em acidentes, eu sempre fico com a palavra do trabalhador, porque as empresas costumam esconder. As empresas, aliás, têm que parar de pensar que trabalhador é masoquista ou suicida".

ITAQUERÃO TINHA INAUGURAÇÃO PREVISTA PARA JANEIRO

  • Divulgação

    Com um custo estimado de R$ 1 bilhão, o Itaquerão tinha previsão de entrega para dezembro e inauguração para janeiro. O estádio estava com 94% das obras concluídas. O Itaquerão será sede da partida de abertura da Copa do Mundo. O Brasil fará o jogo inicial do torneio, contra adversário não definido. Para ser a abertura do torneio, o Itaquerão teve que aumentar a sua capacidade para 69.160 lugares apenas para a Copa do Mundo.

ÁREA INTERNA DO ITAQUERÃO NÃO FOI AFETADA PELA TRAGÉDIA DE QUARTA

  • Se fez bastante estrago na fachada do estádio, a queda do guindaste deixou a área interna praticamente intocada, como mostra a foto acima. Nela, o guindaste tombado aparece no lado esquerdo, de forma quase imperceptível

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos