Antes da fama, Diego Costa teve que decidir entre futebol e Galeria Pagé
Paulo Passos
Do UOL, em São Paulo
A decisão mais polêmica da carreira de Diego Costa foi tomada na última terça-feira, quando o brasileiro preferiu jogar pela seleção espanhola mesmo após ser chamado por Luiz Felipe Scolari. Engana-se, porém, quem pensa que essa foi a escolha mais importante. Em 2004, quando trocou Lagarto, cidade no interior de Sergipe, por São Paulo, o atacante teve que definir entre seguir tentando ser jogador ou trabalhar em uma loja de eletrônicos na Galeria Pagé, no centro de São Paulo. A segundo opção, na época, era a mais rentável.
"Ele ganhava cerca de R$ 400 aqui no clube e os primos que trabalhavam na loja do tio conseguiam bem mais. Então, quando chegava o final de semana ele sofria para fazer os programas junto, cinema, festa, essas coisa", conta Paulo Moura, presidente do Barcelona, de São Paulo, primeiro e único time do atacante no Brasil. "Ele ouvia que deveria largar a bola e trabalhar com a família".
A fama de Diego Costa não mudou a rotina dos parentes do jogador. Dona de uma banca que vende produtos eletrônicos na Galeria Pagé, a tia do jogador se surpreende ao ouvir um pedido de entrevista, mas responde as perguntas enquanto trabalha no balcão.
"O Diego trabalhava aqui com a gente, fez algumas viagens para buscar produtos, mas ele sempre manteve o sonho de ser jogador", lembra Dora. Foi o seu marido, Edson, que levou o então adolescente Diego Costa para fazer um teste no Barcelona.
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"Ele veio para São Paulo e quis trabalhar. A gente sabia que tinha potencial, que dava para ser jogador", lembra Edson. "Mas ele já estava decepcionado com a profissão de jogador, não queria tentar mais. Lembro que foi bravo, de cara amarrada para uma peneira", completa.
No campo do Barcelona de Capela, em Interlagos, zona sul de São Paulo, Diego Costa não demorou muito para impressionar.
"Foram 15 minutos e vi que ele era diferente", lembra seu Jabá, olheiro e primeiro técnico do atacante.
Sobre a decisão de Diego Costa de optar pela Espanha, todos que o conheceram nos dias difíceis em São Paulo são unânimes. "Ele fez a coisa certa", diz Jabá.
"Queria ele com a camisa do Brasil, mas ele escolheu por quem deu mais oportunidades", diz a tia. "Vamos todos torcer pela Espanha agora", promete.
1º clube está desativado
Único clube do Brasil em que Diego atuou, o Barcelona de Capela não disputa campeonatos oficiais desde 2011. Na época em que o atacante do Atlético de Madri jogava, a equipe treinava em São Paulo, mas mandava duas partidas da quarta divisão do Campeonato Paulista em Ibiuna. Hoje o time não consegue mais disputar nenhum torneio.
"A Federação Paulista exige um estádio para cinco mil pessoas. Não temos e não conseguimos pagar aluguel de um. Sem time profissional, não temos permissão para disputar categorias de base", afirma Paulo Moura.