Via de BH para Copa muda prazo pela 3ª vez e deve ficar pronta em 2015
Renan Rodrigues
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Rodrigo Lima/Nitro
26.set.2013 - Obras de mobilidade urbana em Belo Horizonte custarão R$ 1,38 bilhão
Uma das obras de mobilidade urbana de Belo Horizonte previstas na matriz de responsabilidade da Copa do Mundo não ficará mais pronta até o torneio da Fifa. A Via 710, corredor de quatro quilômetros que ligará as avenidas Cristiano Machado e Andradas, teve o prazo de conclusão alterado pela terceira vez - agora para fevereiro de 2015 - e tem apenas 1,8% de seus trabalhos concluídos. A expectativa era de que a ligação rápida funcionasse como acesso alternativo ao aeroporto de Confins, desafogando o trânsito da região central.
Os trabalhos estão totalmente paralisados desde julho de 2012. Segundo a assessoria da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, disputas judiciais nas desapropriações do entorno e readequação nos projetos de engenharia causaram a suspensão da construção. O plano inicial prevê a demolição de 342 imóveis para a via que liga as regiões Leste e Nordeste da cidade. As indenizações estão sendo discutidas individualmente com cada morador.
Outro entrave está ligado à empresa vencedora da licitação. A Aterpa M.Martins foi 'descontratada' em março de 2013 por não cumprir termos do contrato. A prefeitura diz que a nova licitação deve ser realizada até o final deste ano, mas não precisou a data. A construtora não respondeu aos questionamentos do UOL Esporte sobre os problemas com o projeto de execução até o fechamento da reportagem.
O primeiro prazo de conclusão divulgado pelo município venceu em julho de 2012. Pouco antes da paralisação da obra, a data mudou para dezembro deste ano. Agora, a previsão é de que tudo termine em fevereiro de 2015, sete meses após o Mundial. Apenas a terraplanagem e uma galeria celular de 220 metros foram concluídas na área da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) até agora.
A Via 710 faz parte do programa Pró-Transporte, que oferece financiamentos com juros abaixo do mercado para projetos de mobilidade urbana. O corredor foi orçado em R$ 174 milhões e, desse total, R$ 78 milhões serão repassados pelo Governo Federal através de empréstimo da Caixa Econômica. A promessa é de que a construção da avenida beneficie 730 mil pessoas.
O último repasse aprovado pela Caixa para a Via 710 foi feito em setembro de 2012. Ao todo, R$ 1,2 milhão foi cedido pelo banco estatal até agora. Outros R$ 4,7 milhões foram gastos pela prefeitura. Em nota, a Caixa declarou que a contratação de terceiros para execução de obras está a cargo do tomador (município), que deve responder sobre a retomada do financiamento. Segundo o executivo, o processo se normalizará quando a nova licitação for concluída.
Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) divulgada em maio deste ano alertou para o avanço mínimo do projeto e pediu à Caixa documentos que comprovassem a compatibilidade do cronograma proposto com a Copa de 2014. Porém, o ministro relator do processo, Valmir Campelo, destacou que os repasses não serão interrompidos mesmo que as obras não fiquem prontas a tempo para o Mundial no Brasil, já que as melhorias são legados para a população.