Governo da Bahia atrasa pagamento a fornecedores da Copa das Confederações

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo*

  • Pedro Ivo Almeida/UOL

    Empresas responsáveis por arquibancada temporária e outras estruturas receberam 50% do previsto

    Empresas responsáveis por arquibancada temporária e outras estruturas receberam 50% do previsto

O pagamento de empresas contratadas pelo governo da Bahia para montar estruturas temporárias durante a Copa das Confederações está quase dois meses atrasado. Seis prestadores de serviço ainda tem cerca de R$ 23 milhões a receber do poder público por trabalhos já realizados. Oficialmente, o governo não confirma o valor, mas admite que só quitou 50% das dívidas e que tem negociado o restante com os fornecedores.

O atraso envolve a montagem da arquibancada temporária, que aumentou em cinco mil lugares a capacidade da Arena Fonte Nova, o aluguel de geradores de energia com motores à diesel e a instalação de bilheterias extras e da estrutura de recepção dos torcedores durante o torneio, realizado em junho. Procuradas, as empresas que têm dinheiro a receber do governo baiano informaram que não pretendiam se pronunciar.

A Secopa (Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo) afirmou que o pagamento dos contratos referentes às estruturas temporárias para a Copa das Confederações está em "processo de negociação com os fornecedores". Até sexta-feira, 23, haviam sido pagos "mais de 40% dos contratos firmados", de acordo com nota enviada pela Secopa. Na manhã desta quarta, dia 28, a Secopa informou que o percentual quitado havia subido para 50% e que "até o dia 5 de setembro será pago o restante". Empresários ouvidos pelo UOL Esporte confirmaram que foram procurados pelo governo para negociar a extensão dos prazos para o pagamento dos atrasados. 

A situação pode se repetir com contratos que envolvem obras do legado da Copa do Mundo, na opinião do deputado estadual Carlos Gaban (DEM-BA). "O atraso nos pagamentos não é nenhuma novidade. O governo tem tido dificuldade para pagar vários fornecedores", afirmou o parlamentar, que faz oposição ao governador Jaques Wagner (PT) na Assembleia Legislativa.  "As grandes empresas tem como contrabalancear esse prejuízo. Elas têm outros contratos. Mas o pequeno fornecedor, se ficar sem receber dinheiro vai quebrar."

A preocupação de Gaban é só "barulho da oposição", nas palavras do deputado estadual Zé Neto (PT-BA), líder do governo na Assembleia. Para o parlamentar, o atraso de dois meses no pagamento das empresas contratadas para fornecer a estrutura temporária da Fonte Nova durante a Copa das Confederações é normal. "Ficar dois meses sem receber por um contrato de prestação de serviço com o estado não é nada de outro mundo", disse Zé Neto. "Todos os governos estão em dificuldade. No Brasil inteiro. Veja se as outras sedes estão pagando tudo em dia", desafiou.

Segundo Zé Neto, o débito com uma das seis empresas que esperam pagamento do governo da Bahia seria quitado nessa terça-feira, 27. As demais receberiam na primeira semana de setembro, ainda segundo o parlamentar. A informação não foi confirmada nem pelas empresas citadas pelo líder do governo nem pela Secopa.

Investimentos cortados
Não é a primeira vez que obras relacionadas à Copa do Mundo na Bahia sofrem com problemas de orçamento. Ao longo dos últimos três anos, o investimento previsto em obras de mobilidade em Salvador teve um corte de 96%. Em 2010, o poder público pretendia gastar R$ 570 milhões na construção de corredores de ônibus que cruzariam a capital baiana, segundo o texto da Matriz de Responsabilidades, documento oficial em que os governantes listam seus compromissos até 2014.

Após atualizações no texto ao longo dos últimos três anos, o projeto inicial saiu da matriz. Em agosto, somente duas obras no entorno da Arena Fonte Nova estavam no compromisso assumido pelo governo. Juntas, as duas intervenções estão orçadas em R$ 19,6 milhões - 4% do valor original empenhado. 

* Atualizado às 12h19

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