Manifestantes contra privatização do Maracanã voltam a protestar

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro*

  • Maíra Coelho/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

    21.08.2013 - Manifestantes se reuniram pela primeira na sede da Odebrecht

    21.08.2013 - Manifestantes se reuniram pela primeira na sede da Odebrecht

Um grupo de cerca de 70 manifestantes contra a privatização do Maracanã voltou nesta segunda-feira a realizar um protesto em frente à sede da Odebrecht no Rio de Janeiro. No dia em que a empreiteira e suas parceiras apresentaram uma proposta de viabilidade para manter o controle do estádio mesmo após as mudanças na concessão anunciadas pelo governo, os manifestantes pediram mais uma vez o cancelamento do contrato que repassou à Maracanã S/A a administração do complexo esportivo.

Desta vez, o protesto começou concentrado em frente ao prédio em que fica a Odebrecht. Na terça-feira passada, uma manifestação com cerca de 50 pessoas chegou a ocupar a portaria do edifício. Nesta segunda-feira, entretanto, um forte esquema de segurança foi montado para que ninguém entrasse no prédio sem autorização. Cerca de 40 policiais fizeram a segurança da sede da Odebrecht.

Após a concentração inicial, os manifestantes partiram rumo ao Palácio Guanabara, a sede do governo do Rio de Janeiro, escoltados pela PM. Lá, eles fizeram um ato de cerca de meia hora e depois se dispersaram. Não houve confronto.

Os manifestantes novamente trouxeram bandeiras e tambores para reivindicar o cancelamento da privatização. O protesto foi organizado pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio e a Frente Nacional de Torcedores. Ambos os movimentos são contra a administração privada do Maracanã.

Na semana passada, eles entregaram uma carta ao presidente da concessionária Maracanã S/A, João Borba, informando por quais motivos eles são contra a privatização, que transfere a administração por 35 anos. Nesta segunda-feira, a Maracanã S/A respondeu à correspondência em comunicado aberto enviado à imprensa.

No comunicado, a concessionário informa que "o Maracanã não foi privatizado", "continua sendo um bem público". A empresa ressalta que já tem uma política para popularização de setores do estádio e que, em seu nosso projeto para a concessão, "a concessionária investirá, em terreno a ser definido pelo Poder Público, em uma grande área de convivência aberta ao público com museu do futebol, restaurantes e lanchonetes, lojas dedicadas ao torcedor e estacionamentos".

MANIFESTANTES INVADEM SEDE DA ODEBRECHT NO RIO DE JANEIRO

Confira a íntegra do comunicado abaixo:

A respeito do manifesto dos grupos que defendem a reestatização da administração do Maracanã, a empresa Complexo Maracanã Entretenimento S.A. reitera que respeita o direito de manifestação, mas tem o dever de esclarecer os seguintes pontos à sociedade do Rio de Janeiro e ao País.

1 – O estádio do Maracanã não foi privatizado. Continua sendo um bem público, com gestão de uma concessionária que dá oportunidade de trabalho para cerca de 2.800 pessoas, por meio de uma concessão definida após a licitação que seguiu todos os devidos trâmites legais. Ao Estado (que receberá o estádio e todo o complexo, após 35 anos de concessão, devidamente ampliado, modernizado e com manutenção em dia) e à sociedade, cabe fiscalizar a empresa;

2 - O estádio do Maracanã já tem a maior parte de seus assentos dedicados aos setores populares.  A Empresa Complexo Maracanã Entretenimento S.A., porém, considera que a remoção, proposta pelo manifesto, das cadeiras situadas atrás dos gols não é necessária, uma vez que os assentos retráteis permitem que o torcedor, se quiser, assista às partidas de pé. Além disso, a empresa entende que todos os torcedores merecem o mesmo padrão de conforto e segurança. A diferença de preços entre os setores se refere ao oferecimento de serviços adicionais, o que é uma opção do torcedor;

3 – Não há "padronização" do estádio e "da torcida". O Estádio tem espaços democraticamente setorizados e está recebendo de volta, depois de muitos anos, as famílias, que convivem perfeitamente com grupos de amigos e torcidas organizadas. Com relação aos torcedores, vale destacar ainda que as pesquisas feitas pela concessionária durante os jogos mostram aprovação de mais de 90% dos frequentadores. O preço médio dos ingressos está no mesmo nível do cobrado antes da reforma e da concessão da gestão do estádio. Os ingressos na parte majoritária do estádio, definidos pelos clubes, na semana passada, por exemplo, partiram de R$ 10,00 a meia entrada. O público médio dos jogos no Maracanã é de 34 mil pessoas, um dos maiores do Campeonato Brasileiro e acima da média registrada no torneio, que é de 14 mil.

4 – O novo projeto apresentado pela concessionária investirá, em terreno a ser definido pelo Poder Público, em uma grande área de convivência aberta ao público com museu do futebol, restaurantes e lanchonetes, lojas dedicadas ao torcedor e estacionamentos. Esta área de convivência será um importante fator de revitalização do entorno, gerando emprego e renda para as comunidades próximas.

5 – As contrapartidas da empresa concessionária ao Estado pela gestão do Maracanã não se restringem aos R$ 5,5 milhões pagos como outorga anual (totalizando R$ 182 milhões, ao longo de 33 anos), como citados no manifesto. A concessionária investirá perto de R$ 600 milhões na criação de um polo esportivo, de lazer e entretenimento, que pode incluir a reforma e modernização do Estádio Célio de Barros, do Parque Aquático Julio Delamare e da Escola Municipal Arthur Friedenreich – além da já citada criação do novo espaço de convivência. A concessionária ainda será responsável pela construção de um presídio e os custos de manutenção do Complexo Maracanã, desonerando o Estado de gastos que, ao longo de 35 anos, somarão cerca de R$ 1,750 bilhão (50 milhões anuais);

6 – Finalmente, a respeito da restrição à presença de camelôs e ambulantes no entorno do Complexo, de responsabilidade do Poder Público, não é uma decisão da concessionária. A empresa Complexo Maracanã S.A. lembra que trabalha com dezenas de pequenas empresas e já gera oportunidades de trabalho formalizado e renda a mais de 3 mil pessoas em lanchonetes e restaurantes e em serviços de orientação ao torcedor, manutenção, limpeza e segurança.

Quem ama o futebol e o Maracanã não quer de volta as cenas de deterioração do passado, portanto a concessionária reitera que a manutenção da concessão é o caminho mais viável para o fortalecimento do futebol carioca com benefícios para toda a população do Rio de Janeiro.

Complexo Maracanã Entretenimento S.A.

* Atualizada às 20h54

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