Concessionária do Maracanã cobrará no mínimo R$ 100 por ingresso
Vinicius Konchinski*
Do UOL , no Rio de Janeiro
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Antonio Scorza/UOL
Consórcio administrador do estádio venderá entradas para jogos por até R$ 400
A concessionária do Maracanã já definiu o preço mínimo para que um torcedor possa assistir a uma partida de futebol no estádio sentado em um dos lugares controlados por ela: R$ 100. O Complexo Maracanã Entretenimento SA administrará a arena pelos próximos 35 anos e terá direito sobre os melhores lugares do estádio. Ocupar um desses lugares, no entanto, pode sair bem mais caro do que habitualmente sai hoje em dia. No novo Maracanã, um ingresso poderá custar até R$ 400.
O valor foi revelado nesta quinta-feira pelo presidente da Maracanã SA, João Borba. O executivo concedeu uma entrevista ao UOL Esporte e revelou alguns detalhes do plano do grupo formado pela Odebrecht, AEG e a IMX, de Eike Batista, para tocar o mais importante estádio do país.
Na entrevista, Borba informou que clubes que fecharem um acordo com a empresa poderão determinar o preço de parte dos ingressos do estádio. O valor poderá ser definido jogo a jogo ou mesmo ser diferenciado para sócio-torcedores. O Fluminense, primeiro time a acertar sua volta ao Maracanã, ainda não informou quanto cobrará pela entrada. No caso dos lugares controlados pelo consórcio, o custo do ingresso vai variar conforme o setor.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Borba ao UOL Esporte:
Preço de ingressos
Uma parte dos ingressos terá preço controlado pelos clubes. O consórcio controla o preço das entradas sobre as quais ele tem direito. Os ingressos para esses lugares vão variar muito. Queremos priorizar o público corporativo [pacotes fechado com empresas] para não termos uma flutuação muito grande na ocupação. Também vamos ter cadeiras avulsas por a partir de R$ 100. Os lugares no camarote custarão R$ 400.
Acerto com o Flamengo
Nós, clube e concessionária, estamos discutindo prazo e participação em camarotes. Falta chegarmos a um ponto de equilíbrio. Não posso dar a receita dos camarotes para o clube porque essa é a fonte de renda do consórcio. Eu tenho um investimento alto para fazer [R$ 594 milhões] nas obras do entorno. Ainda tenho que pagar R$ 5,5 milhões por ano ao governo. O acordo não pode ser nem tanto para o clube nem tanto para o consórcio. Mas estamos próximos.
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Ao menos dois clubes no Maracanã
A assinatura com dois clubes está prevista no plano de investimento elaborado para a concessão Maracanã. Significa que o estádio vai ter pelo menos 60 jogos por ano, 30 de cada time. Isso é fundamental para que possamos arcar com meus custos. Existe a possibilidade de substituir essas receitas com outros eventos, mas o Maracanã teria que deixar de ser prioritariamente um espaço do futebol. Não queremos isso. Vamos manter o foco no futebol.
Botafogo e Vasco
Tenho esses dois clubes para agregar ao meu negócio. A adesão deles vai depender das condições que vamos dar. Cada contrato é individual para cada clube. Eu posso chegar e assinar com o Botafogo, por exemplo, para que ele jogue todos os clássicos no Maracanã por 35 anos. O contrato é muito aberto e flexível às necessidades de cada clube. Temos que achar o ponto que agrade a cada um.
Comportamento de torcedores
Vamos dar ao Maracanã uma gestão diferenciada, que dará ao torcedor conforto, segurança e acessibilidade. Não abrimos mão desse tripé. Quero construir um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com base nisso. Vamos ouvir os clubes, os torcedores. Se os bandeirões, por exemplo, atrapalham o conforto de alguém, vamos discutir uma solução. Mas não há nada definido. Se o bambu da bandeira não for seguro, vamos discutir. Se o torcedor quer ficar de pé em uma área do estádio, vamos ver se é possível, desde que isso não atrapalhe outra pessoa. Não quero que as torcidas organizadas fiquem de fora, mas também não posso permitir que eles se comportem sem regra nenhuma. Nosso desafio é tentar manter o padrão usado pela Fifa na Copa das Confederações. Queremos manter as cadeiras numeradas.
MARACANÃ SA NEGA PROIBIÇÃO DE BANDEIRAS E INSTRUMENTOS
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A simples sinalização de que o Complexo Maracanã Entretenimento SA pretende "ajustar" o comportamento dos torcedores do estádio mais famoso do país já gerou polêmica. Após o presidente da nova administradora do Maracanã, João Borba, defender um acordo com clubes e torcidas para aumentar o conforto dos frequentadores da arena, centenas de pessoas se manifestaram em redes sociais reclamando da ideia.
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Isso fez com que o Maracanã SA emitisse uma nota oficial nesta manhã. No comunicado, a empresa nega que vá proibir o uso de bandeiras e instrumentos no estádio. Torcedores sem camisa também não estão vetados. Confira a íntegra:
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O Complexo Maracanã Entretenimento SA esclarece que em nenhum momento falou em proibição de bandeiras, instrumentos musicais e torcedores sem camisa durante os jogos de futebol. O que a concessionária propõe é que os clubes dialoguem com seus torcedores para que, por meio de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), prevaleça no Maracanã o tripé conforto, segurança e acessibilidade para todos. O Complexo Maracanã trabalha para que as famílias voltem a frequentar o estádio, com todas as condições de segurança.
Maracanã pós-reforma
Desde 2003, eu visito arenas do mundo todo. Posso afirmar, sem medo de errar, que o Maracanã hoje é um dos estádios mais sensacionais do mundo. Estou falando de tudo: acessibilidade, limpeza, elevadores, tudo. Além disso, essa interatividade que temos aqui, entre jogadores e torcida, é única no mundo. O estádio está 100% pronto.
Vigência do contrato com o governo
O contrato já foi assinado. Estou contratado desde o dia da assinatura das partes [04 de junho], mas o contrato está vigente só a partir da data da eficácia [cumprimento das condições estabelecidas no edital]. Eu assumo o Maracanã antes do contrato estar vigente porque eu tenho que iniciar a operação do estádio. Tenho uma equipe no Maracanã só fazendo vistorias. Mesmo assim, eu posso fazer um jogo.
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Pendências judiciais
As pessoas estão mal informadas. Houve uma confusão entre o que é uma licitação regida pela lei das licitações e o que foi feito ao Maracanã. A IMX ofereceu um projeto ao governo. O governo usou algumas informações e lançou o edital. Todos tiveram acesso às mesmas informações. O governo vai esclarecer isso ao Ministério Público.
Maracanãzinho
Ainda não deu tempo de chegarmos lá. A concessão é uma só, mas primeiro a empresa assumiu o estádio do Maracanã. Em dez dias, chegaremos lá. Os eventos programados para os próximos dias [partidas da Liga Mundial de Vôlei, por exemplo] ainda são de responsabilidade do governo. Legalmente, o Maracanãzinho está com o consórcio. Como ainda estamos num período de transição, o governo ainda controlará o ginásio por mais alguns dias.
IMX e a crise de Eike Batista
A IMX tem 5% do Consórcio Maracanã. A Odebrecht tem 90% e a AEG tem outros 5%. A IMX é parceira da IMG, uma das maiores empresas de eventos do mundo. Esse problema que o grupo de Eike Batista tem não afeta em nada o nosso trabalho. Estamos junto com eles. Não há nada para que eles deixem o Maracanã.
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Célio de Barros e Júlio Delamare
Os dois espaços foram tombados pela prefeitura e destombados por decreto. O que temos hoje é que o Ministério Público quer esclarecimentos da prefeitura. Enquanto isso, eu não posso mexer neles. Contudo, os dois espaços não fazem parte do modelo de acessibilidade e conforto do Maracanã. Precisamos agregar valor ao complexo. Quero que as pessoas cheguem de manhã e só saiam do Maracanã de noite. Precisamos de espaço para estacionamento, museu, etc.
Obras no entorno do Maracanã
Estou fazendo os projetos para as obras obrigatórias. Tenho dois anos e meio para realizá-las a partir da vigência do contrato, que começa em setembro. Ainda não sei quanto tempo as obras terão que ficar paradas por causa da Copa e Olimpíada. Só sei que não terei a menor dificuldade para entregar tudo dentro do prazo.
*Atualizada às 12h45