Torcida acorda, aposta na galhofa e vira personagem do torneio
Gustavo Franceschini e Mauricio Stycer
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Jasper Juinen/Getty Images
Torcida faz festa na arquibancada do Maracanã durante a vitória brasileira sobre a Espanha na final
A torcida brasileira começou sua participação na Copa das Confederações bastante criticada pela postura silenciosa, especialmente em jogos da seleção. O temor por um "papelão" do público, no entanto, caiu por terra ao longo da competição. As arquibancadas do país, aos poucos, foram mostrando personalidade. Desafiando a Fifa (Federação Internacional de Futebol), o público cantou o hino à capela, apostou na galhofa e, na final, em êxtase, transformou o Maracanã num "caldeirão",
A conclusão surpreenderia um analista desavisado no início do torneio. A imagem do torcedor mais elitizado, sem uma cultura de estádios e pouco treinada para jogos da seleção pintava como um possível ponto negativo do torneio.
Quando a bola rolou, tudo começou a mudar, e não só em jogos do Brasil. A favorita Espanha, por exemplo, foi perseguida com vaias desde o seu primeiro jogo. A torcida contra os atuais campeões do mundo foi tanta que ajudou a criar um clima de animosidade com a imprensa espanhola e provocou insultos racistas de torcedores da Fúria nas redes sociais.
O clima, por diversas vezes, partiu para a galhofa. Shakira, namorada de Piqué, por exemplo, foi brindada com um coro de "gostosa" em várias de suas aparições no telão. Quando o zagueiro espanhol foi expulso na decisão, foi a vez dele ser provocado, com o público no Maracanã gritando o nome da cantora colombiana.
Mais do que birra com a Espanha, a torcida brasileira mostrou uma preferência constante pelos mais fracos. O maior exemplo disso foi o Taiti. Amadora, a equipe da Oceania foi tratada como xodó pelos brasileiros, que chegaram a fazer torcida organizada para a equipe e tentaram emplacar um dos "craques" da seleção como melhor em campo.
Esse clima de piada também esteve muito vivo na final, diante do Maracanã lotado. Empolgada com a atuação da seleção, a torcida cantou músicas carnavalescas, disse que a Espanha podia aprender a jogar com o Brasil em ritmo de funk ("Quer jogar? Quer jogar? O Brasil vai te ensinar!") e gritou que "o campeão voltou".
Foi o melhor clima de estádio da Copa das Confederações, com "olé", ola e tudo que Neymar e companhia mereciam. Não podia faltar, é claro, a grande atração da torcida no torneio: o Hino cantado à capela além da gravação oficial da Fifa.
Tradição em jogos de vôlei há anos, o estilo impressionou e foi a maior marca do público. Os jogadores brasileiros, surpresos com a reação, relataram diversas vezes a emoção sentida em campo, que não deixou rivais e até juízes saírem ilesos. Foi a cereja em um bolo que surpreendeu pela qualidade.
Pelo que se viu no "ensaio" da Copa das Confederações, dá para imaginar que torcida terá um papel importante na Copa do Mundo, em 2014. Pergunte aos espanhóis.